ATA DA OITAVA REUNIÃO ORDINÁRIA DA PRIMEIRA COMISSÃO REPRESENTATIVA DA DÉCIMA LEGISLATURA, EM 15.02.1989.

 


Aos quinze dias do mês de fevereiro do ano de mil novecentos e oitenta e nove reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Oitava Reunião Ordinária da Primeira Comissão Representativa da Décima Legislatura. Às nove horas e quarenta e cinco minutos foi realizada a segunda chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adroaldo Correa, Décio Schauren, Ervino Besson, Isaac Ainhorn, João Dib, João Motta, Luiz Machado, Omar Ferri, Valdir Fraga, Vicente Dutra, Vieira da Cunha, Wilson Santos e Wilton Araújo, Titulares, e Airto Ferronato, Cyro Martini, Dilamar Machado, Giovani Gregol, Heriberto Back, Leão de Medeiros, Letícia Arruda, Luiz Braz, Mano José e Nelson Castan, Não-Titulares. Constatada a existência de “quorum”, o Sr. Presidente declarou abertos os trabalhos e solicitou ao Ver. Vieira da Cunha que procedesse à leitura de trecho da Bíblia. A seguir, o Sr. Secretário procedeu à leitura da Ata da Sétima Ordinária que, juntamente com a Ata da Sexta Reunião Ordinária, foi aprovada. A Mesa foram encaminhados: pelo Ver. Airto Ferronato, 02 Pedidos de Providências, solicitando reposição de lâmpadas nas luminárias localizadas na Av. Sertório, altura do nº 8000 (parte nova da Sertório), defronte às casas nºs 10, 20 e 40; pavimentação da Av. Bernardino Silveira Amorin; pelo Ver. Cyro Martini, 02 Pedidos de Providências, solicitando abertura da Rua João Antônio Lopes, na Vila dos Herdeiros ou Beco dos Cafunchos, para a Av. Bento Gonçalves, bom como a abertura do canteiro central daquela Avenida; localização mais adequada dos serviços policiais civis no Hospital de Pronto Socorro; pelo Ver. Ervino Besson, 13 Pedidos de Providências, solicitando remoção da lama na Av. Vicente Monteggia, próximo ao nº 400 até o nº 800, nos becos 1 a 5; na Rua Panambi, esquina com a Otto Niemeyer; conserto e limpeza do bueiro na Rua Horizontina nº 08, esquina com a Rua Gaurama; recolocação de luminárias na Rua Barão do Amazonas, do nº 2500 ao nº 2700; na Rua Caldre Fião, do nº 600 ao final; na Rua João do Rio, esquina com a Barão do Amazonas, até a Rua Pedro Velho; rede de água na Av. Vicente Monteggia, do nº 766 ao nº 777; patrolagem e conserto geral da Rua Vicente Pereira se Souza; tapamento de buraco na Rua Horizontina, em frente ao nº 08, esquina com a Rua Gaurama; conclusão do calçamento da Rua Padre João Batista Reus, do nº 3416 ao 3600; conserto ao tubo de esgoto na Rua Adroaldo Novo Corrêa, próximo ao nº 155; desobstrução e limpeza geral do bueiro da Rua Ibirubá nº 180; conserto de bueiro na Rua Caldre Fião, esquina com Barão do Amazonas; pelo Ver. João Dib, 01 Pedido de Informações, acerca da Cia. Carris Porto-Alegrense; pelo Ver. Leão de Medeiros, 01 Pedido de Informações, acerca da mudança executada pela SMT no itinerário da linha de ônibus Santa Rosa; pela Verª. Letícia Arruda, 05 Pedidos de Providências, solicitando conserto de calçamento na confluência das Avenidas Circular e Ipê e Rua Cananéia e de problemas de esgoto; iluminação para a Praça Antônio Amábile, situada entre as Ruas Açores e Brito Peixoto; limpeza na Rua Urânia nº 82; conserto nas luminárias da Praça Prof. Júlio Grau, situada entre a Avenida Brino e Rua São Nicolau; desentupimento de bocas-de-lobo situadas na Rua Platão, em frente ao nº 222; 03 Pedidos de Informações, acerca da Defesa Civil do Município; de classe da Guarda Municipal e dos Grupos de Fiscalização e Vigilância; da constância e dos critérios de fiscalização utilizados na avaliação pela SMOV e SMAM das condições de segurança nos prédios de Porto Alegre; pelo Ver. Nelson Castan, 01 Pedido de Informações, acerca do IPTU do Sr. Elias Moscovich, inscrição n 1071785; pelo Ver. Vicente Dutra, 01 Pedido de Providências, solicitando troca de bicos de luz na Rua Prof. Henrique Desjardim; pelo Ver. Vieira da Cunha, 01 Pedido de Providências, solicitando patrolagem e abertura de valas na Rua Dolores Duran, bem como sua pavimentação; 01 Pedido de Informações, acerca dos alunos excedentes de Porto Alegre. Do EXPEDIENTE constaram: Ofícios nºs 99; 100; 101/89, do Sr. Prefeito Municipal; 14/89, da Câmara Municipal de Eugênio de Castro; 04/89, do Legislativo Municipal de Santo Antônio da Patrulha; 34/89, da Câmara Municipal de Goiânia; 25/10L/89, da Câmara Municipal de Novo Hamburgo; Ofícios-Circulares nºs 01/89, da Câmara Municipal de Cacequi; da Câmara Municipal de Gravataí; 16/89, da Câmara Municipal de São Domingos; s/nº, da Câmara Municipal de Santa Maria; Cartão da Câmara Municipal de Fontoura Xavier. Após, foi apregoado o Ofício nº 99/89, do Sr. Prefeito Municipal. A seguir, constatada a existência de “quorum”, foram aprovados os seguintes Requerimentos: do Ver. Ervino Besson, de Voto de Pesar pelo falecimento do Jornalista Sérgio Quintana; do Ver. João Dib, de Votos de Pesar pelos falecimentos de Virginia Menezes Gmáhle; de Anarolino Mello; do Ver. Leão de Medeiros, de Voto de Pesar pelo falecimento de Paulo Kaufmann; da Verª Letícia Arruda, de Votos de Congratulações com o Escritor Moacyr Scliar, por ser vencedor do prêmio Casa De Las Américas; com a Drª Cléa Carpi da Rocha, por tomar posse no cargo de Presidente da Seccional Gaúcha da Ordem dos Advogados do Brasil; do Ver. Valdir Fraga, de Voto de Pesar pelo falecimento de Eurico Nunes de Oliveira; do Ver. Vicente Dutra, de Votos de Congratulações com a Paróquia São Vicente Mártir pelo início das comemorações dos seus vinte e cinco anos de fundação; com a Federação Gaúcha de Tênis, pela posse da nova Diretoria da entidade; do Ver. Wilton Araújo, de Moção de Repúdio pela permanência do ditador Alfredo Stroessner no País e a concessão de asilo político pelo Governo brasileiro. Em COMUNICAÇÕES, o Ver. Adroaldo Correa discorreu sobre a situação hoje observada nos transportes coletivos de Porto Alegre, analisando os motivos que ocasionaram a intervenção da Prefeitura Municipal em três das principais empresas responsáveis por esse serviço. O Ver. Décio Schauren falou sobre a intervenção municipal ocorrida nos transportes coletivos de Porto Alegre, resultante das ameaças da ATP de paralisação desse tipo de transportes, ressaltando a forma como a situação vem sendo tratada pela imprensa. O Ver. Ervino Besson comentou a intervenção nos transportes coletivos, dizendo não concordar com a forma como a mesma ocorreu e destacando, em especial, problemas de falta de transporte observados na Zona Sul da Cidade. Lamentou nota publicada na imprensa pela Associação dos Revendedores de Combustíveis, através da qual o Ver. Vieira da Cunha é considerado pessoa não-grata por aquela associação. O Ver. João Dib salientou o alto nível dos técnicos responsáveis pela SMT, não concordando com a busca, pelo Executivo Municipal, de assessoramento junto a técnicos de São Paulo com relação à intervenção ocorrida nos transportes coletivos. Comentou anúncio dessa intervenção feita pelo Vice-Prefeito Tarso Genro ao Governador do Estado, lamentando que o mesmo anúncio não tenha sido feito a esta Casa. Declarou ser contrário à retomada, pelo Município, da exploração do serviço de transporte coletivo urbano. O Ver. João Motta traçou um paralelo entre a visão política defendida pela Frente Popular e a defendia pela ATP com relação aos transportes coletivos, comentando a falta de dados concretos das empresas de Porto Alegre para a realização do cálculo de uma tarifa real e analisando a intervenção efetuada na área pelo Executivo Municipal. Falou sobre o posicionamento assumido, a respeito, pelo ex-Pref. Alceu Collares. O Ver. Luiz Machado leu e teceu comentários sobre notícia publicada na imprensa, acerca do início das obras do Arroio Cavalhada, ressaltando convênio existente entre os Governos Municipal e Estadual para a execução dessas obras e sua importância para a comunidade local. Atentou para os prejuízos sofridos pela população da periferia da Cidade com a intervenção ocorrida nos transportes coletivos. O Ver. Isaac Ainhorn teceu críticas ao Executivo Municipal pelas medidas tomadas com relação ao transporte coletivo da Cidade, declarando que a intervenção efetuada nessa área acarretou um fechamento do diálogo entre os setores envolvidos na questão. Lamentou que o Executivo Municipal tenha buscado um assessoramento técnico em São Paulo ao invés de utilizar o próprio quadro técnico da SMT. O Ver. Vieira da Cunha esclareceu que seu Partido reconhece a legitimidade da intervenção nos transportes coletivos levada a efeito pelo Prefeito Municipal, comentando o trabalho realizado pela Comissão Externa constituída na Casa para acompanhamento da questão dos transportes coletivos da Cidade. Questionou a oportunidade e a forma como essa intervenção foi tratada pelo Executivo Municipal. Disse que mais de cinqüenta por cento da população se encontra sem o serviço básico de transporte coletivo. O Ver. Wilson Santos lamentou que o Poder Legislativo da Cidade não tenha sido comunicado acerca da intervenção ocorrida nos transportes públicos de Porto Alegre, dizendo que a mesma ocorreu em hora imprópria e teve uma base principalmente política, prejudicando a busca de outras soluções para o assunto. Após, o Sr. Presidente deferiu Requerimento do Ver. João Dib, solicitando a criação de uma Comissão Externa para acompanhar os acontecimentos em torno da greve dos Delegados de Polícia. A seguir, foi aprovado o Projeto de Decreto Legislativo nº 04/89. Ainda, foi aprovado Requerimento do Ver. Décio Schauren, solicitando que o Projeto de Decreto Legislativo nº 04/89 seja dispensado de distribuição em avulsos e interstício para a sua Redação Final, considerando-a aprovada nesta data. Em COMUNICAÇÕES, o Ver. Dilamar Machado teceu comentários sobre os diversos problemas observados em Porto Alegre, como um alto nível de insegurança pública e uma situação precária nas áreas de habitação e transportes. Teceu críticas à forma como ocorreu a intervenção do Executivo Municipal nos transportes coletivos da Cidade. Solicitou esclarecimentos da Bancada do PT quanto ao assessoramento recebido pela SMT de técnicos oriundos de São Paulo. O Ver. Giovani Gregol analisou a situação hoje observada nos transportes coletivos de Porto Alegre, comentando nota publicada na imprensa, pela ATP, em que essa associação declarava que paralisaria seus serviços dia dezesseis do corrente e esclarecendo os motivos e a forma como ocorreu a intervenção do Executivo Municipal neste tipo de transporte. Em COMUNICAÇÃO DE LIDERANÇA, o Ver. Vieira da Cunha falou sobre notícia publicada na imprensa, de que a Associação dos Revendedores de Combustíveis poderia entrar na Justiça contra o IVVC, aprovada pela Casa. Disse que, caso esse imposto diminua em demasia a margem de lucro dos revendedores, os mesmos deveriam buscar pressões junto aos órgãos competentes para um aumento dessa margem de lucro. O Ver. Luiz Braz teceu comentários sobre promessas de estatização dos transportes coletivos efetuadas pelo PT em campanha eleitoral, declarando que a intervenção atualmente verificada na área não corresponde às promessas realizadas nas, isso sim, prejudica grande parte da população. Em COMUNICAÇÕES, o Ver. Heriberto Back discorreu sobre a intervenção pública ocorrida nos transportes coletivos de Porto Alegre, analisando os reflexos e a forma como foi levada a efeito essa intervenção, bem como a participação deste Legislativo no assunto. Comentou os posicionamentos assumidos pelos empresários integrantes da ATP a esse respeito. O Ver. Mano José falou sobre os problemas de falta de recursos enfrentados pela Associação dos Funcionários Municipais, solicitando da Bancada do PT a busca de soluções e tomada de medidas que garantam a continuidade da assistência médica de responsabilidade dessa associação. O Ver. Nelson Castan disse que esta tarde ocorrerá nova reunião da Comissão Externa da Casa que acompanha a situação dos transportes coletivos da Cidade, na busca de mediação que vise à solução dos problemas enfrentados pela área. Analisou os diversos aspectos envolvidos na intervenção nos transportes coletivos levada a efeito pelo Executivo Municipal, registrando reposição salarial esperada pelos funcionários das empresas que sofreram intervenção pública. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Ver. João Motta discorreu sobre os pronunciamentos realizados na Casa, acerca da intervenção ocorrida nos transportes coletivos de Porto Alegre, dizendo das dificuldades encontradas pela Frente Popular, ao assumir o Governo, para fiscalização dos serviços e cálculo das tarifas desse transporte. Disse que o objetivo imediato da intervenção ocorrida foi o de evitar o locaute nos transportes coletivos em caso de paralisação das empresas integrantes da ATP. Nada mais havendo a tratar, o Sr. Presidente levantou os trabalhos às treze horas e cinco minutos, convocando os Senhores Vereadores para a Reunião Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Valdir Fraga, Wilton Araújo e Adroaldo Correa e foram secretariados pelos Vereadores Wilton Araújo e Adroaldo Correa. Do que eu, Wilton Araújo, 2º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pelos Senhores Presidente e 1º Secretário.

 

 


O SR. PRESIDENTE: Declaro abertos os trabalhos da presente Reunião.

Solicito ao Sr. Secretário que proceda à leitura do Ofício encaminhado a esta Casa pelo Sr. Prefeito Municipal.

 

O SR. 3º SECRETÁRIO: (Lê.)

 

“Of. nº 099/GP                Paço dos Açorianos, 14 de Fevereiro de 1989.

Sr. Presidente:

Dirijo-me a Vossa Excelência para solicitar, nos termos do artigo 61, da Lei Orgânica do Município, autorização desse Egrégio Legislativo para afastar-me desta Capital, nos dias 18, 19 e 20 do corrente mês, a fim de realizar viagem a São Paulo, para tratar de assuntos de interesse partidário, sem ônus para esta Prefeitura.

Aguardo o favorável pronunciamento dessa Colenda Casa, envio a Vossa Excelência meus respeitosos cumprimentos.

 

(a)    Olívio Dutra

Prefeito Municipal.”

 

O SR. PRESIDENTE: Solicito ao Ver. João Dib dar o Parecer à solicitação de afastamento do Chefe do Poder Executivo Municipal.

Submetemos ao Plenário, a seguir, o Requerimento de autoria do Ver. Wilton Araújo. Moção de Repúdio pela permanência do ditador Alfredo Stroessner no País e a concessão de asilo político pelo Governo Brasileiro. Essa proposição já foi anteriormente encaminhada pelos Vereadores João Dib, Airto Ferronato e Adroaldo Corrêa. Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO, contra os votos dos Vereadores Vicente Dutra, João Dib e Wilson Santos.

 

(Obs.: Foram aprovados os demais Requerimentos constantes na Ata.)

 

O SR. PRESIDENTE: Passamos ao período de

 

COMUNICAÇÕES

 

Com a palavra, o Ver. Adroaldo Corrêa.

 

O SR. ADROALDO CORRÊA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Srª Vereadora. É fundamental que no nosso tempo de hoje toda a Casa se envolva no debate da situação que a Cidade vive em relação ao transporte coletivo. Temos, pela análise, que o transporte coletivo é um serviço essencial. Serviço que, no nosso entender, é necessário pelo direito que a população tem de manter sua condição de ir e vir. E não pode ser fraudado esse direito maior do cidadão por qualquer gesto de interessados, principalmente de interessados que venham a constituir o que é público em interesse particular. Esta tem sido a tônica do debate, no nosso ponto de vista, de parte da Administração da Frente Popular, de assegurar aos cidadãos de Porto Alegre, com a qualidade necessária, com a tarifa real verificada de fato no serviço de transporte coletivo em Porto Alegre. Na semana passada, debatíamos e chegávamos à mesma conclusão de que a Prefeitura não iria aceitar, em nome da cidadania de Porto Alegre, ser posta em xeque na sua capacidade de fazer a operação do serviço de transporte coletivo na Cidade ser a mais eficiente, ser a de melhor qualidade e ter a tarifa que viesse a ser determinada pelos cálculos que estão, sim, sendo realizados, aos quais restava serem agregados dados essenciais. E foi aqui dito isso, tanto em debate em Plenário como na Comissão. Dados essenciais do orçamento específico de operação das empresas. Esses dados sonegados e a ameaça, de parte da Associação dos Transportadores, de suspensão dos serviços, através da operação conhecida por lockout, no dia 16 próximo vindouro, levaram a Prefeitura a ter a iniciativa de pôr sob seu controle, sob o controle da Administração, sob o controle, portanto, dos cidadãos que representam a Cidade, três das principais empresas da Capital que transportam, se operando em condições, com toda a frota na rua, de 60% a 65% dos passageiros diariamente transportados nesta Cidade. O que se adivinhava como possibilidade eventual, dada a ameaça que sub-restava dentro do processo de intimação encaminhado pela 4ª Vara da Fazendo Pública, acabou se comprovando, através da ação, no dia de ontem, das empresas em que não se interveio de negativa do transporte. Ora, se o transporte é um serviço, se o transporte é um direito do cidadão, mais do que um objeto de lucro necessário para a empresa se manter, e se este tipo de direito e esse tipo de serviço foi sonegado – não estou aqui para justificar, nem é preciso que qualquer um dos Vereadores, aqui presentes, tenha essa justificativa, porque tem esse entendimento – as empresas estão realmente em falta, em função de que, apesar de permissionárias, detêm a frota em caráter particular, ainda que questionado pela Administração Popular que esta frota tenha sido composta ao longo dos anos pelas parcelas de tarifas destinadas às suas renovação e manutenção. Se o serviço foi negado, justifica-se o gesto do Prefeito ter, singularmente, a partir de decisão elaborada na data de ontem, de decretar o estado de calamidade pública nesta Cidade. A calamidade se verifica pela sonegação do direito de transporte a parcela expressiva da população que necessita ainda que a data seja fevereiro, ainda que os serviços essenciais estejam articuladamente com as férias dos cidadãos da Cidade funcionando parcialmente, que necessita de transporte.

A defesa do transporte coletivo com qualidade, com tarifa real, com caráter de serviço público à nossa cidadania, ao nosso ver, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Srª Vereadora, está no programa da Frente Popular como dos primeiros itens dos quais não se abre mão. A proposta não é, e isso foi dito largamente nos períodos anteriores à posse da Administração, não é a estatização imediata e, sim, a progressiva melhoria dos transportes, através da estatização, da forma de operação que não deixará, neste momento, tenho certeza, a população sem o serviço; ainda que hoje esteja precariamente funcionando; ainda que amanhã não se consiga a reconstituição total dos serviços, não deixará a população à mercê de quem hoje lhe sonegou o direito de se locomover.

O essencial que queríamos destacar é que a volta da operação à normalidade tem a ver, principalmente, com a constituição de outros parâmetros de normalidade. Ao nosso ver, melhoria significa a reorientação do lucro ou do volume de erros obtidos por esse tipo de serviço. Isso só poderá ser realizado, e nós estamos estudando, através, objetivamente, da articulação, de um fundo único de controle dos recursos diários buscados, obtidos, conseguidos pelo transporte de passageiros de Porto Alegre.

Uma referência que nós queríamos fazer, que não pode-se deixar passar em branco, é que, apesar de funcionar num País como o nosso, com capitais que deveriam ser investidos na produção, na articulação de serviços, que deveriam ser investidos prioritariamente nas atividades afins, tem-se notícias largamente divulgadas de que os capitais giram no mercado do over night e outros paralelos.

Ocorre que por depoimento, aqui nesta Casa, do próprio Diretor-Presidente da ATP, ficamos sabendo, ou comprovou-se o que já se sabia, que 60% do volume de passageiros transportados nesta Cidade já se faz através da utilização do vale-transporte.

O que significa isso?

É que, a cada mês, as companhias transportadoras recebem, antecipadamente, com 30 dias, o dinheiro necessário aos gastos que vão se realizar. Investimentos da ordem de 60% do que é obtido com passageiros transportados, a nosso ver, são altamente geradores, se investido no mercado de capitais, de lucros excedentes.

Isso, também, nos propomos a mudar. Tenho a certeza de que a SMT, na formulação do caixa único que fará, vai incluir a operação do vale-transporte, no nosso entender muito particular e pessoal, indevidamente operado, ainda que, através de concessão isso tenha sido atribuído à ATP. No nosso entender, a concessão trabalha contra o interesse da Cidade, a concessão de operação do vale-transporte.

Era isso o que queríamos registrar para o início do debate, dizendo da nossa preocupação com relação a essa questão.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O próximo orador inscrito é o Ver. Décio Schauren.

 

O SR. DÉCIO SCHAUREN: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, a Administração Popular não aceita que a população de Porto Alegre seja ameaçada pelos empresários do transporte coletivo. E muito menos admite que um grupo de empresários queira fazer a Cidade refém dos seus interesses particulares. Então, diante de toda a ameaça de que no dia 16 haveria um lockout, e diante das constantes denúncias de trabalhadores das empresas de transporte coletivo e do próprio Sindicato dos Rodoviários de que os empresários estavam tentando, efetivamente, inviabilizar qualquer possibilidade de haver transporte coletivo dia 16, inclusive com denúncias de que estava sendo preparado o desaparecimento de peças de reposição, a Administração Popular se viu obrigada a antecipar uma medida com relação a esse lockout, que foi a intervenção.

Os empresários alegam que não têm condições financeiras de continuar administrando o transporte, de continuar operando a frota, no entanto, ontem, pudemos constatar que os empresários veicularam no rádio, na tevê, na grande imprensa, notas caríssimas. De onde eles estão tirando dinheiro? Não têm dinheiro para nada, mas para isso têm dinheiro.

Ontem pela manhã, eu estive na Sudeste. E altos funcionários da Empresa circulavam entre os motoristas e cobradores, dizendo que os motoristas e cobradores não trabalhassem, porque mesmo que a intervenção durasse três meses, eles garantiriam o pagamento dos funcionários. A outra questão é que os empresários querem aumento, mas não se comprometem a melhorar o transporte, continuam não cumprindo o horário. Então, a Administração Popular foi bastante dura nessa questão: só se discute tarifa se os empresários efetivamente cumprirem os horários e apresentarem um serviço em melhores condições do que o atual. Outra questão é a guerra de informações sobre a intervenção. Se, por um lado, a população entrevistada está apoiando a intervenção, dizendo que isso é o que tinha que ser feito, que tinha que ter uma administração que tomasse uma medida firme contra esta manipulação, com relação a um serviço importante de que a população necessita; por outro lado, o Sr. Guerreiro foi à imprensa dizer que foi desrespeitado, maltratado na hora da intervenção. Eu ouvi isso num programa de rádio do Lauro Quadros e, de repente, isso poderá passar como uma verdade. Mas, daqui a pouco, o próprio Lauro Quadros diz que um fotógrafo da “Zero Hora”, muito conceituado, tinha ligado dizendo que, em absoluto, não tinha havido nada disso e que os interventores tinham tratado o Sr. Guerreiro e seus funcionários com o máximo respeito. Outra questão que queria levantar é que ontem, durante o dia, principalmente na Sudeste e, especificamente, na Lomba do Pinheiro, setes ônibus tiveram os vidros quebrados. Eu ouvi pela rádio os empresários acusarem a Administração Popular, acusarem o PT de que teria culpa. No entanto, dos sete ônibus que tiveram seus vidros quebrados, todos foi durante o trajeto quando não tinha usuário dentro dos ônibus. Uma coisa estranha. Outra coisa, todos eles tiveram seus vidros quebrados do lado direito. A população, inclusive, denunciou, numa ida que eu fiz à Lomba do Pinheiro que o Diretor de Tráfego da Sudeste estaria circulando para cima e para baixo lançando piadinhas para que os motoristas procurassem inviabilizar o funcionamento dos ônibus.

Então, eu pergunto, será que essas pedradas para quebra dos vidros dos ônibus não foram muito bem pagas pelos empresários?

Essas eram, inicialmente, as considerações que eu queria fazer.

Ver. Dilamar Machado.

 

O Sr. Dilamar Machado: Ver. Décio, após a explanação feita pelo Ver. Adroaldo e a que V. Exª está fazendo, começa a despertar na Casa o interesse em relação aos detalhes da intervenção decretada e efetivada na madrugada de ontem pelo Prefeito Olívio Dutra. Para que esses esclarecimentos fiquem mais amplos eu pediria a V. Exª que desse uma informação à Casa: quantas pessoas foram trazidas pela Administração Popular de São Paulo para a prática da intervenção, quem são essas pessoas e qual o custo desses funcionários, possivelmente públicos da SMTC de São Paulo, qual o custo para a Prefeitura de Porto Alegre? Quem paga a estadia, quantas são estas pessoas e a razão de termos importado interventores de São Paulo para esse ato realizado em Porto Alegre.

 

O SR. DÉCIO SCHAUREN: Eu acredito que, em primeiro lugar, também foi veiculado pela imprensa que Porto Alegre era auto-suficiente, que não precisava importar técnicos, tal e coisa. Eu acho que a Administração tem todo o direito de se assessorar por quem entender necessário. Esse é um direito que cabe à Administração. Agora, eu acho que a informação, por quem ela foi assessorada, quantos eram, acho que essa resposta o nobre Vereador deverá obter da própria Administração.

 

O Sr. Dilamar Machado: Está bem, eu vou encaminhar um Pedido de Informações. Não sabe quantos são nem quanto custou?

 

O SR. DÉCIO SCHAUREN: Não. Nós entendemos apenas que a Administração tem o direito de se assessorar por quem entender necessário.

 

O Sr. Dilamar Machado: A população tem o direito de saber como é gasto o dinheiro do Município de Porto Alegre. A população, até os que elegeram o Prefeito Olívio Dutra, tem o direito de saber quem são essas pessoas e quanto custou a vinda destas pessoas à Porto Alegre e se está falida a Secretaria Municipal dos Transportes e se não tem um técnico capaz de assessorar o Prefeito nesse tipo de intervenção.

 

O SR. DÉCIO SCHAUREN: Gostaria que o nobre Vereador me provasse que a Administração Popular gastou um centavo para trazer técnicos de fora.

 

O Sr. Dilamar Machado: Gostaria que V. Exª me provasse o contrário, que essas pessoas vieram de graça e por conta de quem.

 

O SR. DÉCIO SCHAUREN: V. Exª é que está acusando e deve provar. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Valdir Fraga): Com a palavra, o Ver. Ervino Besson. V. Exª tem 10 minutos.

 

O SR. ERVINO BESSON: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, pobre Porto Alegre! Pobre povo de Porto Alegre! Concordo até que a intervenção foi necessária vendo a ameaça ao transporte coletivo, seria paralisado no dia 16, que seria amanhã, mas não concordo com a forma como foi desenvolvida. Creio que houve uma desconsideração por parte do Executivo com relação ao Legislativo. O que nós queremos, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, é que este caos que a Cidade está enfrentando hoje seja resolvido da melhor maneira possível em benefício da população de Porto Alegre.

Mas, pelo que está-se vendo e acompanhando na rua isso não está acontecendo. A Zona Sul, por exemplo, ontem, ficou com 90% da população sem transporte coletivo e, lamentavelmente, hoje, continua a mesma coisa. Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu faço um apelo desta tribuna para que o Prefeito coloque imediatamente transportes para a Zona Sul de Porto Alegre, por exemplo: Belém Velho não tem transporte coletivo, nem Rincão, Cavalhada, Vila Nova, Niemeyer. Eu vim da Zona Sul pela manhã, e em cada parada havia de 100 a 150 pessoas esperando o transporte, e o pessoal se encontra sem saber o que fazer. Acho que o povo dessa nossa querida Cidade de Porto Alegre não merece passar o que está passando. Isso nos preocupa bastante, Sr. Presidente e Srs. Vereadores.

Também vendo uma nota na Zero Hora da reunião dos revendedores de combustíveis, onde declaram ao nosso Líder, S. Exª o Sr. Vieira da Cunha, pessoa não grata. E a gente lamenta muito vendo esses anúncios e jornais, porque eu acho que nessas alturas não é só o Líder do PDT pessoa não grata, acho que todos nós que votamos a favor desta emenda do IVVC somos não gratos. Eu acho que aqui fica o nosso repúdio a essa nota que saiu na Zero Hora dos revendedores de combustíveis.

 

O Sr. Dilamar Machado: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Apenas, Vereador, para lembrar a V. Exª que é um processo pessoal, uma espécie de reação dos garagistas a uma ação desta Casa. Eu não vou com isto defender a posição dos garagistas, pelo contrário, tenho o Ver. Vieira da Cunha no melhor dos conceitos, considero-o um cidadão exemplar e um Líder à altura de nosso Partido. Ocorre que, antes de terem os garagistas considerado o Ver. Vieira da Cunha persona non grata a eles, o próprio Vereador fez aprovar nesta Casa uma Moção de Repúdio ao Presidente dessa Associação, Sr. Rubens Hofmeister. Eu lembraria esse fato apenas para me reportar ao assunto que V. Exª aborda nesta amanhã, que é uma questão física, ou química – a toda ação corresponde uma reação. O que a Prefeitura de Porto Alegre, através da ação da madrugada passada fez contra o sistema de transporte coletivo está ocasionando o que V. Exª estava narrando há pouco que é o povo parado nas paradas de ônibus, sem transporte coletivo. Efetivamente a calamidade pública decretada ontem, mas que vem desde o dia 1º de janeiro a preocupar, efetivamente, a população de Porto Alegre.

 

O SR. ERVINO BESSON: Agradeço o aparte a V. Exª e nos preocupa muito. Eu acho que a preocupação é minha, é de todos os senhores, esperamos e torcemos que esse caos se resolva da melhor maneira possível em benefício de nossa Cidade. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Ver. Isaac Ainhorn. Ausente. Ver. João Dib com a palavra.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, o nobre Ver. Décio Schauren disse nesta tribuna que é direito da administração se assessorar, e eu digo um pouco mais: é o dever da administração se assessorar. E para que haja esse assessoramento, ela deva escolher, evidentemente, aquelas pessoas que têm tradição, que confirmadamente são as melhores nas suas especialidades. E, ao que eu sei, ao que eu pude vivenciar nesta Cidade ao longo de 34 anos servindo à Administração Municipal, eu posso dizer que a Secretaria Municipal de Transportes – e posso dizer porque vivi o problema, mas até vou dizer porque ouvi, várias vezes, do Ministro dos Transportes, que a elite dos técnicos de transporte coletivo urbano estava em Porto Alegre. E foi com muito orgulho que ao longo desses quase 34 anos eu consegui manter a minha lotação na Secretaria Municipal de Transportes. No momento em que fui Secretário do Governo tinha que trazer a lotação para a Secretaria de Governo. Mas fui Diretor do DMAE e a minha lotação estava na Secretaria de Transportes, porque eu queria ser da Secretaria de Transportes. Eu fui Secretário de Obras e a minha lotação estava na Secretaria de Transportes. Agora, no momento em que fui Secretário do Governo, a coisa ficou meio desagradável eu ser lotado na Secretaria de Transportes, então passei a ser lotado na Secretaria do Governo, mas nunca deixei o meu coração se afastar da Secretaria de Transportes, exatamente pelos servidores competentes e delicados que ela tem. Uma Secretaria que é capaz de programar a sua semana de trabalho minuto a minuto, nas 24 horas do dia, e realizar aquilo. Então, não tinha que buscar em São Paulo aqueles que apenas deixaram para a Prefeita Erundina um déficit de 30 bilhões de cruzados, que deixaram uma frota de ônibus, que eram novos, sem pneus, sem peças e sem funcionamento por terra. Então, não era lá. E não posso concordar, como ex-servidor da Prefeitura Municipal de Porto Alegre, como ex-servidor da Secretaria Municipal de Transportes, que não tivessem arrebanhado todos os excelentes servidores que ainda estão na Prefeitura, talvez não na Secretaria, alguns no Planejamento, outros na Carris, outros ainda em outras Secretarias, enfim, todas elas estão com gente que possuem curso de aperfeiçoamento na Secretaria Municipal de Transportes. Mas também, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, é dever do Prefeito, na forma até da Lei Orgânica que diz, no seu art. 5º, que são órgãos do Município – independentes, é verdade – harmônicos, o Legislativo e o Executivo. E nós fomos desconsiderados. Na sexta-feira, quando passamos aqui quatro horas debatendo o problema do transporte urbano, buscando a solução, procurando colocar na mesa, para o debate, transportadores e Executivo Municipal, nós estávamos funcionando harmonicamente com o Executivo. Mas, na sexta-feira à tarde, lá no Executivo Municipal, naquele salão nobre em que tantas reuniões aconteceram e eu, como Prefeito, quantas vezes convoquei a Câmara, convidei a Câmara, fui à Câmara, porque é com a Câmara que solidariamente o Prefeito deve resolver os problemas da Cidade, lá, na sexta-feira, eles já nos disseram que a nossa atuação estava encerrada e eu fiquei perplexo e também o Presidente ficou perplexo e reagimos dizendo que a nossa atividade não se encerrava. Nós éramos os representantes do povo e representaríamos o povo, buscando soluções. Nós não queríamos tumultos, nós não queríamos problemas.

Mas, Sr. Presidente, hoje pela manhã, ouvi uma pessoa por quem eu tenho profundo respeito e também tenho pelo Dr. Olívio Dutra, duas criaturas humanas que respeito profundamente, ninguém duvide disso porque gosto das duas pessoas e têm todos os títulos para que sejam respeitadas. Mas ouvi o Vice-Prefeito Tarso Genro dizer que se dirigiu ao Governador que estava fora do Município para dizer a ele que haveria intervenção. Não teve a mesma elegância, não teve o mesmo gesto, não lembrou-se que os órgãos do Município são dois, não são poderes do Município, são órgãos e que devem conviver harmonicamente e que o Presidente da Casa, Presidente desta Câmara, que representa os 33 Vereadores, também deveria ser procurado e a ele deveria ser dito, pedindo, até, reserva, porque tenho absoluta certeza de que o Presidente da Casa lhe daria essa reserva, lhe faria essa promessa. Ao Presidente da Casa seria dito: nós, por razões essenciais, por razões mais sérias, por problemas mais urgentes nós vamos nos antecipar aos empresários e fazer a intervenção. Eu quero também dizer, é meu dever dizer, eu não tenho nada contra a intervenção, não sou nem a favor nem contra, eu quero que ela seja rápida, eficiente, mas quero deixar, com todas as palavras, sou profundamente contrário à retomada do serviço por parte da Prefeitura Municipal e digo isso, vou repetir e sei que vou cansar, porque eu já disse isso, sou contrário porque a experiência que Porto Alegre tem nos diz que nós não devemos fazer. Vou esquecer os livros que li falando em Nova Iorque, Hamburgo, o que vi em Hamburgo, o que vi em Berlim, vou esquecer? Que para o Município não é uma coisa boa a exploração do serviço de transporte coletivo. Vou esquecer que onde se começou a intervenção na Empresa SUDESTE que fazia a Lomba do Pinheiro, lá se encerrou a atividade da Prefeitura, na Lomba do Pinheiro, quando os nossos ônibus Available, de tão saudosa memória, ônibus dos melhores que rodaram nesta Cidade, nada parecidos com esses em matéria de ônibus, de repente usavam a mesma quantidade ou quase a mesma quantidade de óleo de cárter e de óleo diesel.

Então vou esquecer todas essas coisas, mas não posso esquecer que temos experiência e gente extremamente competente, alguns até aposentados que poderiam ser buscados porque amam a Cidade como nós aqui, 33 Vereadores, que representamos o povo, amamos. Quem sabe se consulta essa gente, quem sabe se consulta os porto-alegrenses que viveram encampações, mais de uma até, e que mostraram que nós atendemos mal a população com o transporte que nós tínhamos, nós atendíamos mal porque nós não tínhamos fiscalização em cima de nós mesmos. Nós fazíamos muitas excursões por todo este Estado com os ônibus do Município, o que é difícil negar, o próprio Prefeito Olívio Dutra, nesta madrugada no Canal 12, dizia que as empresas não dão os ônibus para excursões, mas que o Município dá, quero dizer que, como Prefeito, não dei nenhuma vez, não dei nenhuma vez e só poderia fazê-lo através da Carris e teria de pagar a Carris.

Então acho que administra-se bem e transporte não é senão planejamento, fiscalização e tarifa justa. Planejamento nós temos: desde 1963, o Plano Diretor de Transportes dessa Cidade, esse Plano Diretor dos Transportes evoluiu e através do GEIPOT, Ministério dos Transportes, EBTU, Projeto TRANSCOL, que foi implantado, que deve ser melhorado, então nós temos planejamento. Fiscalização nós temos mais de uma centena de fiscais na Secretaria Municipal dos Transportes, vamos instrui-los, vamos orientá-los, vamos ajudá-los e vamos fazer a fiscalização com todo o rigorismo.

Encerro, Sr. Presidente. Tarifa justa é a grande condição do transporte coletivo urbano. Porque só se poderá chegar a uma tarifa justa através de um planejamento eficiente e de uma fiscalização rigorosa. E a tarifa justa é a que serve para o usuário, porque se cobrada a mais ele está sendo lesado, se cobrada a menos o transporte coletivo se deteriora, o que já aconteceu nesta Cidade, e nós não teremos transporte bom, ou até nenhum transporte.

Então, formulo votos de que a Administração Olívio Dutra consiga rapidamente nessa intervenção que faz buscar os subsídios que precisa para estabelecer uma excelente política de transporte. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Adroaldo Corrêa): Com a palavra, em Comunicações, o Ver. João Motta.

 

O SR. JOÃO MOTTA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, mais uma vez a Câmara Municipal se debate com um tema que, sem dúvida, será muito relevante para todos nós, como já o é para toda a população de Porto Alegre. E não poderia ser diferente na medida em que mais uma vez estamos nos debatendo, desta feita com o tema transporte coletivo com a definição e o ponto de vista de cada Bancada, com o interesse público e com essa medida concreta que foi tomada pela Administração Popular, a intervenção.

Portanto, tentaremos fazer aqui a relação, e o ponto de vista que fundamentou e que está fundamentando a atitude da Administração Popular no que diz respeito a transportes, intervenção e o interesse público.

E, para nós, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o transporte coletivo, como já foi colocado inclusive numa nota pela Administração Popular, é uma responsabilidade do Poder Público Municipal, que tem opção de confiar a operação de determinadas linhas a empresas privadas mediante um ato de permissão e com a condição que realizam.

No entendimento da Administração Popular, o preço das passagens não pode, não deve sofrer aumentos. Há atos do Governo Federal determinando congelamento de preços, há uma decisão já, aqui, no Rio Grande do Sul, da Justiça, determinando que as passagens de ônibus não podem sofrer aumentos. E, além disso, os dados fornecidos pelas empresas de ônibus de Porto Alegre não permitem avaliar com precisão a necessidade de elevar a atual tarifa, que tem valor próximo à média mantida nos últimos dez anos. Por isso a Prefeitura recorreu ao direito legal de resguardar com a intervenção os interesses da população. Com essa decisão, a Administração Popular começa a preparar uma profunda revisão no sistema de transporte coletivo em Porto Alegre. Os problemas, a população sabe quais são, pois os sente no dia-a-dia, os atrasos, a insegurança, a falta de condições dos ônibus e o mau atendimento. Isso para nós é uma definição geral e genérica sobre a relação do transporte coletivo em Porto Alegre e o interesse público, e qual a razão e qual a relação que a questão da intervenção tem com essas duas questões. E, como não poderia deixar de ocorrer, é evidente que esse ponto de vista é contraditado por aquelas empresas que, hoje, estão utilizando desse direito da permissão e prestando esse serviço à população. E por que estão contrariando? Porque possuem uma visão sobre transporte coletivo e uma visão sobre o que é o interesse público de uma forma radicalmente diferente desse conceito inicial que eu disse.

É bem verdade, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, que até é bem possível escutarmos numa entrevista ou noutra a declaração de algum membro da ATP dizendo essas mesmas palavras, mas quando a gente abre os olhos e constata a realidade de Porto Alegre, vamos verificar que os dados e o ponto de vista é bem outro e é bem diferente. Senão, vejamos alguns dados, por exemplo, que nos colocam numa forma clara e efetiva que o que tem caracterizado nessas empresas privadas é que utiliza o transporte coletivo de Porto Alegre, tem-se caracterizado é de fato a fobia mercantil desses empresários, ou seja: nós encontramos alguns dados estimativos que nos indicam, segundo os empresários, indicam que teriam tido um prejuízo neste mês de janeiro de aproximadamente um milhão e quinhentos mil cruzados antigos. Mas nós fizemos rapidamente uma estimativa, via Carris, e encontramos naquele mesmo período – nós estimamos – que o lucro foi de mais ou menos 350 mil dessas empresas. E absolutamente constatável e constataram. Segundo: Nós estimamos também que, ao fazer o cálculo da tarifa, as empresas privadas aumentam o consumo de combustível em mais ou menos seis vezes. Mais um dado, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, se calcula que entre fevereiro de 1987 e junho de 1988, os reajustes de tarifas foram de 2.500% enquanto a inflação foi 850%. Esse é um dado da Zero Hora de 30 de junho de 1988.

Portanto, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, nós estamos diante de uma visão, de um ponto de vista de como se deve operar e viabilizar os transportes coletivos e o interesse público. E nisso nós temos observado que esses dados são alucinadores neste sentido, porque é uma mesquinhez por parte das empresas privadas, e ela não se verifica apenas por esse dados, mas fundamentalmente através dessa atitude, que foi o anúncio formal, via Justiça, de que iriam paralisar via lockout, dia 16, caso o preço das passagens não fosse aumentado.

Dessa forma, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, é que se constatada a diferença de visão e de ponto de vista sobre transporte e interesse público. As ameaças contínuas que estão sendo feitas e que foram feitas nessas últimas 24 horas sobre os trabalhadores, através das ameaças de demissões, também denuncia essa postura política e esse ponto de vista que as empresas têm. Ou seja, os trabalhadores serão úteis aos transportes coletivos e uma questão de utilidade pública até quando servem para os interesses mesquinhos dessas empresas privadas. Porque quando os ônibus e toda infra-estrutura for colocada a serviço da população sobre um ponto de serviço, os empresários privados de Porto Alegre contratam pessoas para depredarem os ônibus, privando a população desse serviço.

Portanto, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, não é difícil constatar que nós estamos vivendo e entrando num período de confronto, acima de tudo de conceitos e de visão política sobre como trabalhar a questão dos transportes e de como vinculá-la à questão da utilidade pública. Sr. Presidente e Srs. Vereadores, por outro lado, também não é difícil se constatar que de fato essas diferenças e pontos de vista sobre a questão dos transportes e sobre a questão da utilidade pública desse serviço também se manifestaram através de suas declarações feitas hoje à imprensa. A primeira, através do ex-Prefeito Alceu Collares, que levantou uma série de críticas a essa iniciativa da Administração Popular, onde criticou que fundamentalmente o que falta e o que faltou à Administração foi sensibilidade política, na medida em que essa intervenção rompe com o diálogo. Mas não poderia ser de outra forma a manifestação do ex-Prefeito Collares, porque de fato a fixação e a referência para se estipular o preço da tarifa, em Porto Alegre, sempre foi o diálogo na Administração Collares e não foi fundamentalmente o que nós estamos tentando resgatar hoje com a vinda dos técnicos de São Paulo para, junto com os técnicos de Porto Alegre, conseguirem constituir de uma vez por todas aqui na Prefeitura de Porto Alegre a infra-estrutura necessária, técnica para que de fato se tenha dados fazendo com que a Prefeitura tenha autonomia e condições dela própria ter sua análise, para se ter uma referência financeira sobre a base e o cálculo da tarifa. Portanto, não nos estranha essa preocupação do ex-Prefeito Collares com o rompimento do diálogo, porque, de fato, segundo o Presidente da ATP, o que se utilizava como sendo a grande referência para o cálculo das tarifas na Cidade, particularmente na Administração anterior, era o próprio diálogo. Isso para nós não vai ser o suficiente, vai ser além do diálogo a questão de dados técnicos, estimativas de valores próximos, independente do número. Se for o caso traremos mais técnicos de São Paulo, pois achamos que é inviável se projetar sem se ter os dados de uma forma independente e autônoma. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Luiz Machado.

 

O SR. LUIZ MACHADO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, assomo à tribuna para falar sobre um problema antigo de há 30 anos que é o Arroio Cavalhada. Olhando o jornal vimos uma matéria onde nos é dado algum dado a abordar sobre o engajamento do Governo Municipal com o Governo do Estado e a União para solucionar, de uma vez por todas, o problema do Arroio Cavalhada.

Então vamos ler a matéria, na sua manchete bem clara: “Começam as obras no Arroio Cavalhada, após 30 anos. A velha reivindicação dos moradores está sendo atendida pela Prefeitura. A União entrou com 50% dos recursos, o Estado com 30% e a Prefeitura com 20%, dos recursos, recursos estes para atender praticamente um quilômetro e meio de Arroio”, só que eles esqueceram de dizer, de colocar na manchete que o Governo do Estado está junto para construir. Que aquela Moção que aqui dentro desta Casa veio contra o Governo do Estado, eu disse bem para o nosso nobre e amigo e companheiro José Valdir que em seguida o Governo do Estado iria ajudar a Prefeitura e já está aí, já está dando uma mão pela nossa Cidade, para o bem da nossa Cidade e do nosso povo.

 

O Sr. João Dib: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Vereador, há um convênio já há mais de uma década em que o Estado, o Município e a União resolvem os grandes problemas pluviais desta Cidade. Eu devo dizer a V. Exª que o Estado, não sei agora, não quero afirmar agora porque não tenho mais vinculação direta com a Administração Centralizada, até há bem pouco tempo jamais participou com os seus 30%. Jamais. E que até a minha Administração posso garantir que a Prefeitura não deu só os 20%, deu mais do que os 20% e que o Governo da União, através do DNOS, hoje dirigido aqui pelo Dr. Wilson Guighatti, que é servidor do DMAE, vem sempre fazendo a sua parte, mas o Arroio não foi...

 

O SR. LUIZ MACHADO: Não, o Arroio Cavalhada.

 

O Sr. João Dib: Sim, eu sei, mas quero dizer a V. Exª que o Arroio da Areia que deveria ser de 584 metros não foi finalizado porque o Município também não deu a sua parte. Portanto, o Estado e o Município, na última Administração, também estão em débito com a Cidade de Porto Alegre.

 

O SR. LUIZ MACHADO: Foi bom o seu aparte, Vereador, pelos seus conhecimentos profundos neste setor.

Quero dizer que no final da matéria o Prefeito diz o seguinte: “Os recursos da Prefeitura (20%) serão os mais difíceis de conseguir, mas, não havendo desvios para outras obras, se conseguirá levar a obra adiante.” Quero dizer que quem manda nos recursos da Prefeitura é o Prefeito. Espero que essa obra seja solucionada o mais breve possível porque as crianças principalmente do Colégio Santa Tereza são as que mais sofrem porque o arroio passa dentro do pátio da escola.

 

O Sr. Dilamar Machado: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Durante a Administração do Prefeito Collares esse convênio também esteve em via de ser executado em relação ao Arroio Cavalhada, quando o DNOS publicou os editais de concorrência para a realização da obra. Mas surgiu um problema e quero alertar a Casa porque vivi o problema na condição de então Diretor-Geral do Departamento Municipal de Habitação. Para que essa obra seja realizada é necessário o deslocamento, pelo que me consta, de cerca de 3 mil moradias, população de baixíssima renda e miserabilidade das Vilas Nossa Senhora sas Graças e Icaraí principalmente. São famílias paupérrimas que ali estão radicadas, algumas há dezenas de anos. Então esse problema talvez seja o grande entrave para a realização dessa obra e dependente do seu custo que é muito alto. A canalização desse arroio que é altamente necessária para toda aquela área, depende do remanejo de todas essas famílias. Então, fica o questionamento: para onde serão levadas essas famílias?

 

O SR. LUIZ MACHADO: Falam aqui na matéria sobre o assentamento dessas famílias.

 

O Sr. Dilamar Machado: Onde serão levadas? Com que recursos? Se a atual Diretora do DEMHAB mandou suspender o projeto da SEAG dando uma estrondosa declaração pública de que o projeto da Chácara da Fumaça, por exemplo, ou da Vila dos Flagelados na Restinga é apenas a institucionalização das favelas. Então, esse desafio está lançado, Nobre Vereador, para que essa obra seja feita. Não se pode usar o sistema do Carlos Lacerda: jogar os pobres no rio.

 

O SR. LUIZ MACHADO: Mudando de assunto, eu quero dizer que nós temos que falar em transporte, porque representa a periferia da Zona Sul de Porto Alegre, onde se localiza a Restinga. Podemos dizer que essa intervenção do Governo em três empresas de transporte coletivo de Porto Alegre – as outras empresas ficaram solidárias com essas três em que houve a encampação – essa intervenção nas empresas trouxe prejuízos para a nossa periferia. Em primeiro lugar, risco de acidentes constantes. Por quê? Porque com os ônibus da Carris que foram circular da Restinga ao Centro de Porto Alegre, o que acontece? Eles querem diminuir em 15, 20 minutos o trajeto. E a população está apreensiva, porque pode, a qualquer momento, acontecer um acidente. Os ônibus circulavam em tempo de mais ou menos uma hora, no máximo uma hora e dez minutos, e os ônibus da Carris que lá chegaram estão circulando em uma base de 45 a 50 minutos, e a população está apreensiva. Portanto, além de ficar agora, quem sabe, 70% da população hoje da periferia sem condições de se locomover até o seu trabalho, também corre o risco de acontecerem mortes, e o Prefeito é o responsável, porque hoje é o responsável número um pelo transporte de Porto Alegre. Nós ficamos apreensivos porque o povo chega até nós e diz que há pessoas que descem do ônibus, com o ônibus a 10 por hora, ele nem pára na parada, e isso aí pode trazer um risco de acidente grave. Então, pedimos a providência do Prefeito que é o responsável direto pelo transporte coletivo em Porto Alegre no momento.

 

O Sr. Ervino Besson: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) eu gostaria de saber de V. Exª se há transporte suficiente para o pessoal da Restinga. Porque eu estou vendo que os ônibus saem da Restinga praticamente lotados e passam pela Avenida Cavalhada e não param nas paradas, nem têm condições de parar, porque já saem lotados da Restinga.

 

O SR. LUIZ MACHADO: Aproximadamente 30% do transporte está atendendo a população; 70% está sendo dividido entre lotações e carros particulares, que estão ganhando em cima do trabalhador, deixando um prejuízo enorme à comunidade. Esperamos que essa intervenção seja passageira, que tudo volte logo à normalidade e que nós possamos ter um transporte pelo menos aceitável, porque não queremos morte, que pode ocorrer a qualquer momento.

 

O Sr. Ervino Besson: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ao que nós estamos assistindo também lá no Bairro Cavalhada é que o transporte que está sendo utilizado lá são kombis velhas, com estruturas muito ruins. Hoje, pela manhã, eu contei: havia 19 passageiros dentro de uma kombi velha. Vejam só o perigo que esse pessoal está enfrentando. Muito obrigado.

 

O SR. LUIZ MACHADO: Queremos dizer, como representante da periferia da nossa Cidade, principalmente da Vila Restinga, que a população, agora sim, está sendo conduzida como animais, e queremos que seja conduzida como gente. Essa é a nossa luta, pois fomos eleitos para isso. Nós não somos contra a intervenção, mas que seja rápida, para que possamos gozar de um bom transporte coletivo na nossa Cidade. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, por transposição de tempo com o Ver. Valdir Fraga, o Ver. Isaac Ainhorn. V. Exª tem 10 minutos.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, evidentemente, a Cidade de Porto Alegre vive momentos de apreensão em relação à situação caótica que reina no transporte coletivo da Cidade de Porto Alegre e cujo único responsável é o Executivo Municipal, que é dirigido, hoje, pelo Partido dos Trabalhadores, pelo estabelecimento do caos, por ter fechado o diálogo e por ter partido para uma medida forte e violenta que é a intervenção, embora a intervenção, do ponto de vista legal, seja uma faculdade que tem o poder concedente em relação aos permissionários do sistema do transporte coletivo. E vejo que parte da Bancada petista, sobretudo o seu Líder, não se encontra presente – apenas a metade da significativa Bancada do Partido dos Trabalhadores; não vejo o Líder da Bancada do PT, o Ver. Flávio Koutzii, que é tão cioso da sua condição de Líder na contestação dos posicionamentos aqui assumidos por outras Bancadas. Será por acaso, Sr. Presidente, que o PT, neste momento, não queira o amplo debate aqui na Casa do povo? Nós, Vereadores eleitos em 15 de novembro, somos a expressão popular da Cidade de Porto Alegre. Fomos escolhidos pelo voto e entendemos que a Câmara de Vereadores é o foro próprio para as discussões dos grandes temas que envolvem a Cidade de Porto Alegre. Em matéria de reveses e sofrimento do Poder Legislativo, a história do Brasil está repleta de experiências. Passamos por um período difícil, de 20 anos, em que os Legislativos eram cerceados na sua autonomia; infelizmente, a experiência que se apresenta hoje é que o PT não é muito simpatizante dos debates no âmbito dos Legislativos, sobretudo quando assume o Poder. E também tem outro detalhe importante de ser assinalado: é o espírito autoritário que preside os atos de ação do Executivo Municipal neste momento, em primeiro lugar, com uma desconfiança total em relação ao funcionalismo municipal, em relação aos técnicos da Prefeitura Municipal. Chamaram os técnicos lá de São Paulo porque não têm confiança nos técnicos de Porto Alegre. Aliás, eu estou, hoje, entrando com um Pedido de Informações para saber se existe um contrato com esses técnicos, se houve uma licitação para contratação dessa auditoria independente, ou se eles são fantasmas, se eles primam por trabalhar fora ou estão aí pagos, subvencionados não sei por quem, mas eles estão aí. Eu entendo que se há uma prestação de serviço, tem que haver uma licitação; e se há uma licitação, evidentemente, há um documento público que precedeu ao próprio contrato de prestação de serviços que existe desses técnicos em relação ao Executivo Municipal. Não vou falar no mérito da contratação desses técnicos que, ontem, largamente o Ver. João Dib, em entrevista, chamava atenção e observava que não tínhamos necessidade, pela experiência que ele tem como funcionário da Prefeitura, de convocar homens do transporte coletivo de São Paulo, até porque na SMTC há um brutal déficit na sua estrutura. Há confiabilidade nesses técnicos, no mérito desses técnicos. Agora, é lamentável que os técnicos da Prefeitura Municipal tenham sido preteridos porque o Executivo Municipal entendeu que eles não tinham qualificação suficiente ou que não gozavam da confiabilidade do Poder petista. Por outro lado, além desta, há uma outra ameaça, porque eu não morro de amores, não tenho qualquer ligação com os empresários do transporte coletivo, agora, eu acho que deve prevalecer acima de tudo o respeito às liberdades individuais. Aquilo que está assegurado na carta Constitucional, o que hoje a Auditoria da SMT pretende realizar é medida totalmente arbitrária e autoritária, quando pretende incluir na auditoria os bens pessoais dos proprietários das empresas do transporte coletivo. Depois, o Chefe do Departamento Jurídico se contradiz dizendo que a inclusão dos bens dos empresários vai ocorrer se algum deles estiver inserido como patrimônio da empresa. Ora, se estiver inserido como patrimônio da empresa, evidentemente que não é da pessoa física. Ou a Drª Felizberta não tem condições de ser responsável pelo Setor Jurídico e está dizendo besteira no jornal. É lamentável que uma pessoa que tenha responsabilidade em relação à condução dos assuntos jurídicos lance uma notícia desta natureza, que vai arrolar, na Auditoria, os bens dos proprietários, diz: “Olha, vou arrolar, se eles estiverem inseridos no patrimônio da empresa.” Evidentemente que, se é do patrimônio da empresa, não é da condição de pessoa física, mas fica no ar aquele profundo caráter do autoritarismo, da ameaça, do poder violento de polícia, exatamente aquilo que nós tanto contestávamos, durante tantos anos, da ameaça à liberdade dos cidadãos, ao patrimônio dos cidadãos.

Sr. Presidente, Srs. Vereadores, o nosso Partido teve a oportunidade de demonstrar, em nota oficial à imprensa, a sua posição em relação a intervenção havida na Capital. Reconhece o direito do Poder Executivo de usar do instituto jurídico da intervenção. É uma faculdade que ele tem. Mas se reserva o direito de, daqui, desta tribuna, através dos seus representantes, denunciar a situação caótica em que, porventura, venha a ficar o transporte coletivo da Cidade de Porto Alegre. Porque Porto Alegre, infelizmente, está-se transformando, no segundo dia da intervenção, numa Fortaleza ou numa Diadema. É isso o que ocorre. Não vamos transformar Porto Alegre em mais uma experiência triste das administrações petistas, para inserir no comportamento demagógico, para enganar a população, através de medidas bonitas, mas que depois redundam num fracasso completo com o caos completo no transporte coletivo na Cidade de Porto Alegre. O nosso Partido está atendo a isso e hoje já temos informações do estado completamente caótico em que se encontra o transporte coletivo na Zona Sul; o comércio está sendo prejudicado, os funcionários não estão conseguindo chegar ao Centro da Cidade, o transporte na Cavalhada está caótico, a situação na Restinga está grave, corre-se o risco de um acidente, através do uso de transportes irregulares que estão trafegando na Zona Sul da Cidade. Na Zona Norte da Cidade, o que está ocorrendo, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, é que só tem-se mantido o transporte de passageiros, na medida em que há uma cobertura das empresas intermunicipais que operam nas linhas de Canoas e São Leopoldo. Não fosse isso, também a Zona Norte estaria no mesmo estado caótico em que se encontra a Zona Sul. E uma medida urgente: espero que, hoje à tarde, aqui compareçam e atendam o convite feito pelo Presidente da Comissão Especial da Casa que estava tratando do assunto e que, de repente, foi pega de surpresa pela intervenção; que compareçam aqui para darem os esclarecimentos, em respeito à ação do Poder Legislativo Municipal, que se sente responsável, que tem um papel importante a desempenhar em relação a essa grave crise do transporte coletivo na Cidade de Porto Alegre. Mais uma vez reafirmamos: nós estaremos vigilantes e permanentemente atentos à grave situação em que se encontram os usuários que não estão tendo transporte coletivo para se locomoverem dentro de Porto Alegre. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Srs. Vereadores, recebemos uma ligação do Sr. Prefeito Olívio Dutra, pedindo desculpas por não ter comunicado à Presidência e a esta Casa a intervenção, nós colocamos a nossa mágoa pela desconsideração e S. Exª se colocou à disposição da Casa para nos fazer uma visita, talvez amanhã. Nós conversaremos com as Lideranças e marcaremos com S. Exª a sua visita, talvez amanhã à tarde.

A palavra está à disposição do Ver. Vicente Dutra. Desiste. Ver. Vieira da Cunha.

 

O SR. VIEIRA DA CUNHA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, eu não poderia deixar de trazer à Casa a posição da Bancada Majoritária da Câmara que tenho a honrar de liderar, a Bancada do PDT, Partido Democrático Trabalhista.

Tivemos oportunidade, ainda ontem, de debater internamente na Bancada a situação que vive, hoje, a Cidade com a intervenção do transporte coletivo.

Em primeiro lugar, queremos deixar claro aos colegas Vereadores, em especial à população de Porto Alegre, que reconhecemos a legitimidade do ato de intervenção posto em prática pelo Sr. Prefeito Municipal. A nós sempre pareceu uma afronta ao Poder legitimamente estabelecido na Cidade, o Poder Executivo, a notificação judicial levada a efeito pelos transportadores, no sentido de marcar uma data para paralisação dos serviços. Isso constitui num autêntico ultimato ao Executivo Municipal. É certo que, diante desse fato, uma medida forte, efetivamente, deveria ser tomada pelo Sr. Prefeito. Agora, o que nós estamos discutindo, e que a Bancada debateu e alerta o Executivo Municipal é, principalmente, o que se refere a dois fatos que nos parecem de extrema gravidade. Em primeiro lugar, a absoluta desconsideração, por parte do Sr. Prefeito e de seu Secretariado, aos Vereadores desta Casa que, desde o primeiro momento da crise, não negaram ao Executivo a sua solidariedade, constituindo, inclusive, uma Comissão Externa, presidida pelo Ver. Nelson Castan, composta por todas as lideranças partidárias desta Casa, e tendo até oportunidade de promover uma reunião conjunta lá na Prefeitura Municipal, com a presença dos transportadores, dos Vereadores e do Executivo do Município. Já naquela oportunidade, os Vereadores integrantes da Comissão estranharam as atitudes tomadas pelo Executivo. Em primeiro lugar, naquela reunião, ficou clara uma ânsia por parte de dirigentes do primeiro escalão do Executivo de dizer que se esgotava ali o papel da Câmara Municipal. Estranhamos, todos os líderes partidários desta Casa, aquela posição, uma posição que parecia encobrir a realidade dos fatos que, a esta altura, me convenci de que o ato de intervenção já estava decidido.

 

O Sr. Dilamar Machado: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) O Decreto já estava pronto e foi feito pela Drª Felizberta. Inclusive eu falei que o Decreto é um primor de desorganização lógica e jurídica. Aliás, eu vou trazer uma cópia para distribuir aos Vereadores.

 

O SR. VIEIRA DA CUNHA: Sou grato pelo aparte.

Volto a dizer, não está em discussão o mérito do ato da intervenção até entendemos como necessário. O que nós discutimos é a sua oportunidade. Não se pode tomar uma atitude em nome da população em prejuízo da própria população. A Prefeitura Municipal só pode intervir nas empresas de transporte coletivo no momento em que ela tenha condições de assumir o serviço no mesmo nível ou até, o que seria de se exigir, em um nível melhor do que aquele prestado pelas empresas permissionárias. Agora, no momento em que a Prefeitura intervém e não consegue manter 50% dos serviços de transportes, nós não podemos emprestar a nossa solidariedade a um ato desses, que está se configurando de irresponsável até o presente momento. No momento em que se toma um ato como esse, é de se pressupor que o ato tenha sido planejado, calculado.

Mas não é isso, Ver. Adroaldo Corrêa que a população está sentindo, porque a população está sem o serviço essencial que é o transporte coletivo. É meritória a intervenção, é necessária? É. Mas nós vamos discutir e estamos alertando o Executivo Municipal para sua imensa responsabilidade. Esperamos que esse ato tenha sido bem calculado, bem pensado e bem planejado. Repito, não é isso que estamos vendo no presente momento.

 

O Sr. Adroaldo Corrêa: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Só queria ponderar que a intervenção foi planejada e feita para empresas, em número de três, que são encarregadas, em nossa avaliação, do transporte de até 60% dos passageiros nesta Cidade. E a desorganização do serviço se faz principalmente por dois motivos: um, pela negativa de transportar os passageiros das demais empresas que não sofreram intervenção no primeiro dia e, em segundo lugar, pela orientação de alguns dos empresários, dado que numa das empresas não houve essa orientação ou, pelo menos, não houve adesão dos funcionários a essa orientação de que os trabalhadores não assumissem suas funções, embora tenham dito objetivamente, fora do local de trabalho, esses mesmos empresários, em plena contradição consigo mesmos, que não tinham autorizado nenhuma falta ao trabalho. Essa contradição é impossível explicar como normalizar quem transporta 60% dos passageiros desta Cidade em um dia. Era esse o esclarecimento.

 

O SR. VIEIRA DA CUNHA: Eu concordo com V. Exª que é impossível normalizar em um dia, por isso que afirmei anteriormente que espero que tudo tenha sido planejado e bem pensado, por quê? Porque era de supor, por óbvio, que as demais empresas paralisariam suas atividades, porque elas estão organizadas coletivamente na Associação dos Transportadores e, no momento em que três das maiores empresas sofrem intervenção, era de se supor que as demais paralisassem seus serviços. Por isso digo que isso deveria ter sido pensado no momento em que se decidiu a intervenção. Então, esse argumento não pode ser usado agora, porque era óbvio que aconteceria essa situação.

 

O Sr. Luiz Machado: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) O Líder do PDT está fazendo uma explanação certa, mas eu queria só fazer um adendo. Por que a intervenção ocorreu nas três maiores empresas e não nas três que prestam o pior serviço à comunidade? É nisso que vai o meu alerta. Por que nas três maiores e não nas três piores, como o próprio Secretário, quando esteve aqui e disse que tal empresa era a pior e, no entanto, a pior, referida pelo Secretário Antonio Hohlfeldt, não sofreu intervenção e houve intervenção nas três maiores.

 

O Sr. Décio Schauren: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Vieira da Cunha é preciso esclarecer que a Prefeitura se viu obrigada a fazer uma intervenção e até antecipar essa intervenção porque, senão, no dia 16, nós não teríamos nenhum ônibus circulando pela Cidade. Eu acho que a Prefeitura estava na contingência e teve que optar, fazendo uma intervenção imediata, pelo menos nas três maiores empresas ou, no dia 16, a população não terá nenhum transporte.

 

O Sr. Isaac Ainhorn: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu quero dizer que o fundamental que está em jogo, aqui, é a continuidade do transporte coletivo na Cidade de Porto Alegre, e é inegável, de forma clara, para todos verem que ainda havia a possibilidade, nestes últimos três dias, com a presença da Câmara de Vereadores, de buscar um entendimento entre a Prefeitura Municipal e os permissionários do serviço de transporte coletivo na Cidade de Porto Alegre. Não há dúvida nenhuma que está claro que a posição é ideológica e, além de ideológica, é política e envolve o quadro político nacional. Essa é uma realidade que ninguém pode afastar. Agora, quem está pagando esta conta toda é o povo de Porto Alegre. E o fato de o Prefeito ter decretado estado de calamidade pública e ter dito que vai recorrer a créditos suplementares, evidentemente, são créditos suplementares para colocar dentro das empresas, para enfrentar o déficit, para ter dinheiro para comprar combustível, pneu e peças, para poder botar a frota a trabalhar.

Então, quem vai arcar com a conta é o povo de Porto Alegre.

 

O SR. VIEIRA DA CUNHA: Eu finalizo apenas reafirmando a posição deste Vereador pela manutenção do preço da atual tarifa do transporte coletivo de Porto Alegre. Aliás, relembro aqui que era um compromisso assumido pelo PT. Não era nem de manutenção, era de rebaixamento do preço da tarifa do transporte coletivo. Agora, a manutenção ou o rebaixamento do preço da tarifa do transporte coletivo, o ônus do atendimento desse compromisso do Governo petista não pode ser a falta do transporte coletivo em Porto Alegre, muito menos o caos na prestação desse serviço público essencial à população de Porto Alegre. Sou grato.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Valdir Fraga): Com a palavra, o Ver. Wilson Santos.

 

O SR. WILSON SANTOS: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, nós queremos, em nome do Partido Liberal, registrar, primeiramente, no afã do ato da intervenção, o Poder Executivo ter deixado à margem, na busca de solução, o Poder Legislativo de Porto Alegre. Quis tomar a si e somente a si, avocou a condição de plenipotenciário para solucionar, a sua maneira e a sua ótica, o problema dos transportes coletivos em Porto Alegre. Nesta pressa, nesse afã, se dispensou três dias importantíssimos, em cujo bojo deste período, três dias, quem sabe não se encontraria um outro tipo de solução. Efetivamente havia uma afronta. Agora, essa afronta é clara, transparente, cristalina pois dava um prazo até o dia 16 de fevereiro para deixarem de operar se não fossem revistas as tarifas e o prazo nem expirou, o prazo expira amanhã. Está instalado um caos no setor. Nossas famílias, que aqui vivem, estão sofrendo as conseqüências. Não vamos dizer que o desfecho não fosse a intervenção, mas ela foi extemporânea, ela foi fora de tempo e eu tenho a convicção de que foi buscando dividendos políticos e foi feita em cima de uma ótica meramente ideológica e nós, que defendemos claramente a livre iniciativa, defendemos a economia de mercado, nós defendemos que é no exercício da liberdade que vamos encontrar, no digladiar, no cotejar, justamente, as melhores condições. Nós poderíamos ter tempo de, quem sabe, sugerir até que se começasse a buscar uma tese defendida, e essa tese já praticada em alguns Países, a da desregulamentação do transporte coletivo, onde não se deixa de se considerar aquele que opera ou que tenha a permissão, continua-se dando a permissão, só que a desregulamentação aumenta a competitividade, aumenta a concorrência, abre um horizonte maior para quem deseja operar e não elimina a necessidade, sim, de uma fiscalização eficiente do Poder Público; mas aumentando a competitividade, a concorrência, o maior número de empresas, nós vamos ter a disputa pela qualidade e a disputa pelo preço. Ora, um tema de tamanha importância, um tema vital para a vida da Cidade, foi antecipado pela pressa, por uma necessidade de parecer o salvador da pátria, como que essa responsabilidade fosse só do Poder Executivo e não de 33 Vereadores que foram colocados aqui para uma missão delegada, uma missão de representatividade, tão qual valorosa e qualitativa quanto a do Prefeito.

 

O Sr. Dilamar Machado: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Quero lembrar a V. Exª que o esquecimento do Executivo para com o Legislativo não foi com os 33 Vereadores. Pelo que eu ouvi e li, um Vereador desta Casa estava na madrugada da intervenção, ao amanhecer de ontem, junto com os interventores na empresa Trevo. Então, não é Casa que foi esquecida, foram os demais partidos que não compõem a Frente Popular, os Vereadores do PT, especialmente o Ver. Adroaldo Corrêa, pelo que me consta, esteve presente, junto com os interventores, na intervenção da empresa Trevo. Não há desconsideração com o Legislativo de Porto Alegre, há uma desconsideração com as Bancadas que não compõem a Frente Popular.

 

O SR. WILSON SANTOS: Eu acolho o seu aparte procedente, oportuno, e também quero dizer que uma intervenção não necessitava ser na calada da noite; não necessitava ter toda a conotação de um exagerado autoritarismo. A intervenção, se necessária fosse, talvez o caminho fosse realmente o da intervenção, ela poderia ser cristalina, clara, anunciada e por que não poderia ocorrer essa intervenção amanhã? Quanto tempo se perdeu por essa pressa do Executivo em querer parecer o salvador da pátria e resolver sozinho as coisas que não são atinentes somente ao Executivo e, sim, ao Legislativo?

 

O Sr. Adroaldo Corrêa: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Apenas para considerar que na sua intervenção, Vereador Wilson Santos, V. Exª salienta que a pressa do Executivo se dá em função de que havia um prazo. Esse prazo, no entender da Administração, já repetido, era um prazo que buscava o acuamento da Administração ao fixar uma data em relação à definição da tarifa. Esse prazo também não foi cumprido pelas próprias empresas que se deram o prazo e que, ontem e hoje, antes do prazo, não realizaram os serviços dos quais estão encarregadas na Cidade. Só para registro. Muito obrigado.

 

O SR. WILSON SANTOS: Eu gostaria inclusive de consultar depois a Bancada do PT e inclusive o Executivo, se foi pedida a devolução já que os empresários ameaçavam devolver as permissões. Então, se foi feito o pedido do Executivo para que se sacramentasse esta intenção de devolução e, amanhã, simplesmente se apanhavam as devoluções das permissões e se faria a intervenção. Então, eu acredito que Porto Alegre, e eu repito, por esse açodamento, por esse afã, por esta pressa, a nossa sociedade porto-alegrense está pagando agora um preço alto demais pelo caos que se instalou no transporte coletivo; e eu digo, inclusive, na visão liberal: não será operando o transporte coletivo pelo Município, ou seja, com essa intervenção, com uma futura encampação, se é o que passa pela cabeça do PT, que vai-se resolver o problema. Nós teremos uma encampação num serviço de pior qualidade, na pior das hipóteses, se não houver a necessidade de majoração dos preços. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Wilton Araújo. Ausente.

A Mesa comunica ao Plenário que deferiu Requerimento de autoria do Ver. João Dib, solicitando a criação de uma Comissão Externa para acompanhar os acontecimentos em torno da greve dos Delegados de Polícia.

Havendo “quorum”, passamos à

 

ORDEM DO DIA

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

PROC. Nº 0575/89 – PROJETO DE DECRETO LEGISLATIVO Nº 004/89, de autoria da Comissão de Justiça e Redação, que autoriza o Prefeito Municipal de Porto Alegre a afastar-se do Estado, no período de 18 a 20 de fevereiro de 1989.

 

Parecer:

- da 1ª Comissão Representativa. Relator Ver. João Dib: pela aprovação.

 

O SR. PRESIDENTE: Em discussão o PDL nº 004/89. (Pausa.) Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

Sobre a mesa Requerimento de autoria do Ver. Décio Schauren, solicitando que o PDL nº 004/89 seja dispensado de distribuição em avulsos e interstício para sua Redação Final, considerando-a aprovada nesta data. Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

 

O SR. PRESIDENTE: Vereadores Não-Titulares, Ver. Airto Ferronato, Ver. Cyro Martini, Ver. Dilamar Machado com a palavra, em Comunicações, tendo em vista a desistência dos dois primeiros.

 

O SR. DILAMAR MACHADO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Acaba de ser aprovado nesta Casa o Requerimento do Ver. João Dib, requerendo Comissão Externa para acompanhamento de um grave problema que ocorre em Porto Alegre que é a greve da Polícia Civil, intitulada “greve dos delegados”, mas, na realidade, essa greve extrapola em muito a função do delegado. A Polícia Civil de Porto Alegre está paralisada, e eu vou relatar aos Vereadores um caso pessoal, como advogado criminalista. Há cerca de 20 dias ocorreu um homicídio na Vila Santa Rosa, um pequeno loteamento numa área pública invadida no ano passado, hoje chamada Vila da Fraternidade. Ali ocorreu um homicídio. No momento em que o cidadão agredia a esposa, ela, num ato de defesa, com uma faca de cozinha matou o marido. A família me procurou e, até hoje, Ver. Omar Ferri, que milita muito nessa área, eu não consegui apresentar a homicida porque as delegacias competentes ou a Delegacia de Homicídios ou, no caso, a Delegacia Distrital do Sarandi não tem expediente normal para ouvir a pessoa, a ré, autora do homicídio que quer se apresentar para depor para início do processo normal. Há poucos dias Porto Alegre tomou conhecimento do brutal assassinato de um brilhante oficial da Brigada Militar, o Major Eurico foi assassinado brutalmente ao final de um baile de Carnaval, no Clube Belém Novo. Anteontem, apareceu com 20 perfurações à faca um dos mais brilhantes cantores nativistas do Estado, meu querido e saudoso Luiz Eugênio. Ontem a Zero Hora estampava o assassinato de um determinado cidadão com não sei quantas facadas. Hoje há de novo eliminação, briga de quadrilhas, não há dia que não se tenha homicídio em Porto Alegre. Assaltos: ontem ao mesmo tempo dois estabelecimentos bancários foram assaltados à plena luz do dia. Porto Alegre vive um estado de guerra civil. A insegurança é absoluta nesta Cidade. O Diretor do Hospital de Pronto Socorro disse, há poucos dias, que, neste período de Carnaval, as agressões a faca, arma branca e a arma de fogo aumentaram do mesmo período do ano passado para cá em 240%.

 

O Sr. Adroaldo Corrêa: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Só para registrar que não em decorrência das atividades do carnaval, porque V. Exa. sabe que foram reduzidas 15% das ocorrências em relação ao ano anterior.

 

O SR. DILAMAR MACHADO: Acho que V. Exª tem autoridade e eu tenho também, V. Exª sabe que nós somos talvez os únicos integrantes desta Casa a participar da festa popular do Carnaval todas as noites na avenida e efetivamente a organização estava boa, a segurança boa. Mas o período a que se refere o Hospital de Pronto Socorro não é o da Avenida Perimetral, não é do desfile, não tem nada a ver com as escolas de samba, tem a ver é com aquele momento de euforia nacional, de bebedeira, de trânsito.

Agora digo tudo isso porque entendo, meu nobre Ver. Adroaldo Corrêa, que está ocorrendo, com essa intervenção nas empresas de transporte coletivo o que em tática militar se chama de manobra diversionista. Isso a gestapo usava muito, o Sr. Adolf Hitler, pintor de rodapés usava muito essa tática: provocar certo fato político para esconder o grande drama da sociedade alemã ou da Europa na época. Aqui em Porto Alegre não se faz esgoto em vila, não se constrói mais uma parede em vila popular. Existem, segundo o Presidente da Associação dos Proprietários de imóveis, em Porto Alegre, apenas 1000 unidades habitacionais disponíveis para aluguel em Porto Alegre. Mil, um milhar, nós temos uma carência habitacional nesta Cidade de 40 mil unidades. Os aluguéis dispararam, ninguém tem onde morar, o desemprego aumenta, a fome aumenta nas vilas, o trânsito está ficando maluco, os homicídios se sucedem, a Cidade vive em guerra civil. O Prefeito vai para São Paulo, depois vai para a Europa, intervém nas empresas de transporte coletivo na madrugada, no estilo da gestapo, como já foi dito aqui, em plena madrugada, desconsidera a Casa Legislativa da Cidade e Porto Alegre fica toda comentando se está certo o Prefeito ou está errado. O PT está com a razão ou não está com a razão? O transporte vai melhorar ou não vai melhorar? Baixa a tarifa ou não baixa? A gente sabe, Vereador, que não vai baixar a tarifa coisa nenhuma, isso tudo vai desembocar num aumento de tarifa, isso é uma realidade, nós vivemos num País capitalista ou metido a capitalista. Não há como sobreviver o transporte coletivo sem que a tarifa se aproxime do real, do justo. Enquanto isso a Cidade se debate num dos maiores dramas da sua história, que é absoluta insegurança. Insegurança, também, no transporte coletivo, já foi dito aqui por Vereadores da Zona Sul da Cidade, principalmente o Ver. Ervino Besson, o Ver. Luiz Machado, que o transporte coletivo da Restinga, da Cavalhada, do Lami, de Belém Velho, de Belém Novo, do Rincão, está sendo feito precariamente com veículos inadequados. Eu pergunto a V. Exas. – há alguns anos atrás, lá por volta de 1960, assisti a um dos mais dolorosos acidentes de trânsito em Porto Alegre, que foi um ônibus, não lembro a Empresa, na Vila Floresta, que desceu a Rua Ouro Preto, eu morava a duas quadras do acidente, eu vinha entrando e vi quando aquele ônibus despencou pela Rua Ouro Preto, na Assis Brasil, e bateu num poste, caiu um transformador em cima e incendiou. Morreram mais de vinte pessoas, não é, Ver. Leão?

 

O Sr. Leão de Medeiros: Vinte e três pessoas.

 

O SR. DILAMAR MACHADO: Vinte e três pessoas em Porto Alegre perderam a vida naquele acidente; o ônibus, ficou comprovado depois, tinha um problema de freio. Perdeu o freio e desceu lomba abaixo.

Agora, imaginem V. Exas se nesse emaranhado todo, nesse caos que foi criado, nessa confusão toda, de repente uma pessoa, duas ou três perderem a vida. Quem recupera essa vida? Mexe-se num assunto que poderia ser tratado com mais dignidade, com mais urbanismo, com mais realismo. Em nome de quê? Também já foi dito, vou repetir e vou sustentar a tese que já levantei aqui desta tribuna: esse processo intervencionista do PT, não é apenas político, visando a sucessão Presidencial, é eleitoral! É de propaganda, é de laboratório, é um processo para enganar, é um plano cruzado, entre aspas, do Prefeito Olívio Dutra, visando a candidatura do Sr. Lula à Presidência da República. Aliás, não tiro o direito do PT, como membro do PDT vou defender até o último voto a candidatura do Brizola. Por isso o direito que o PT tem de defender a candidatura do Lula. Mas não brinquem com a vida das pessoas, com o direito das pessoas. O testemunho que eu tenho da intervenção da empresa Sudeste foi de uma operação bélica: mais de duzentas pessoas entraram na empresa de madrugada e efetivamente impediram que qualquer funcionário ou seus Diretores sequer de terem acesso aos seus documentos, revistaram o Diretor-Presidente da Sudeste, lacraram os cofres e ficaram com o dinheiro da Empresa, não deram recibo. Isso é intervenção militar.

 

O Sr. Leão de Medeiros: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Colaborando com V. Exª, Ver. Dilamar Machado, gostaria de também referendar um pensamento que tenho a respeito dessa intervenção do Poder Público nas empresas concessionárias de ônibus, que é o recrutamento de afogadilho, feito pela Cia. Carris, de motoristas para suprirem as eventuais falhas. Ora, se sabe que para conduzir um veículo dessa natureza, conduzindo vidas humanas, se requer uma alta prática, um aperfeiçoamento técnico muito grande. Preocupo-me, acima da inadequação dos veículos que foram convocados para suprirem a deficiência do serviço público de ônibus, veículos com peças não adequadas, também motoristas não capacitados para a condução de vidas humanas. Isso tudo aumenta a insegurança da população. E como tal a responsabilidade é do Poder Público, a partir de agora.

 

O Sr. Adroaldo Corrêa: V. Exª. permite um aparte? (Assentimento do orador.) É só para dizer que a Carris tem cadastro, tem formas de seleção e a Carris e a SMT devem exigir a carteira específica de habilitação que é concedida pelo DETRAN.

 

O SR. DILAMAR MACHADO: Quero, ao finalizar, deixar mais um pedido à Bancada do PT, que era a única que sabia e que praticou a intervenção. Esclareçam a esta Casa, o mais rápido possível: quantos foram os técnicos trazidos de São Paulo? O nome desses técnicos. Quem pagou a passagem desses técnicos, onde estão hospedados? De que forma foram contratados ou convidados para virem a Porto Alegre? Qual a razão que levou a Administração do PT a importar técnicos da Prefeita Erundina, que casualmente no dia 6 de janeiro aumentou em 41% a tarifa dos ônibus de São Paulo e que há poucos dias aumentou em 51% a tarifa dos táxis em São Paulo? Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Giovani Gregol.

 

O SR. GIOVANI GREGOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o assunto da Cidade durante estes dois últimos dias não poderia deixar de ser a intervenção que a Prefeitura de Porto Alegre ora executada em algumas empresas particulares de transporte coletivo desta Cidade. A par de que a Cidade tem inúmeros problemas, alguns deles crônicos, já, como a violência, agravados pela greve dos trabalhadores da Polícia Civil, mas o grande debate é essa intervenção. Eu não participei dessa intervenção, nem poderia fazê-lo, não sendo eu funcionário do Executivo Municipal, nem interventor nomeado pelo Sr. Prefeito para intervir nessas empresas. Mas como membro do Diretório Metropolitano do PT fui convocado, às 24h do dia anterior, à intervenção, para acompanhá-la, para observá-la. Era público e notório, em primeiro lugar, que o transporte coletivo desta Cidade, naquela parte que é de responsabilidade das empresas privadas, cerca de 80% pararia por exclusiva vontade dos empresários, às 24h do dia de hoje. Inclusive a Associação dos Transportadores publicou e noticiou em todos os órgãos de comunicação de massa, uma nota clara afirmando taxativamente que parariam às 24h do dia de hoje. Reagindo a essa ameaça, o Executivo Municipal, cumprindo a sua função de zelador do bem público também registrou na Justiça e deu conhecimento à população de uma nota oficial, dizendo que se esse absurdo se confirmasse interviria nas empresas. Intervenção essa garantida pela Constituição ora vigente. Intervindo, aliás, como intervieram outros Executivos e outros Prefeitos antes do Prefeito Olívio Dutra, inclusive como interveio o ex-Prefeito Alceu Collares. E, lá estando, tive oportunidade de visitar a empresa Trevo e observei algumas coisas interessantes. Lá nas garagens da empresa se encontravam ônibus, carros chamados seletivos, as famosas lotações, também se encontravam ônibus de uma empresa turística Trevo Tur e esses veículos estavam todos, indiferentemente, estacionados na mesma garagem, sendo consertados pelos mesmos mecânicos, abastecidos na mesma bomba, usando peças do mesmo almoxarifado. Parece uma forma bastante sui generis de administrar recursos que são adquiridos através do pagamento da passagem coletiva que o sofrido povo desta Cidade paga. Mas não foi uma surpresa, portanto, a intervenção. Absolutamente. E ela se deu, como é sabido, por dois motivos principais: em primeiro lugar, como já foi mais que ressaltado, para garantir o transporte coletivo. Se hoje temos um transporte precário – e é verdade – o Prefeito não nega, o Secretário também não nega, nós teríamos, a partir das 24 horas de hoje, zero transporte, ou melhor, praticamente zero, com a exclusão da Carris que transporta apenas 20%. E mais, as empresas não foram sequer capazes de cumprir no prazo notificado à Justiça a sua ameaça, elas anteciparam a sua ameaça. Também tem motivo essa intervenção, além de garantir em primeiro lugar o transporte, a avaliação, por dentro, da real situação das empresas, para que a verdade tarifária brote. Ontem estava ouvindo pela televisão o Secretário Antonio Hohlfeldt e ele dizia que, inclusive hoje ele não tem condições de saber se essa passagem de 12 centavos é justa ou não; a intervenção, inclusive, tem, também, suplementarmente esse objeto. E aquilo que se diz, inclusive aqui desta tribuna, que o PT dizia em dezembro do ano passado que 120 cruzados na época era caro e hoje ele diz que é barato, obviamente, não existe, senhores, nenhuma contradição nisso, porque entre o último aumento do transporte coletivo desta Cidade hoje, nós temos, numa economia de inflação galopante, no mês de dezembro cerca de 30% de inflação oficial, nós temos no mês de janeiro 70% de inflação e ainda o parcial do mês de fevereiro. Então, nós temos, mais, certamente, de 100% de inflação desde o último aumento até agora, por isso que inclusive chegamos a afirmar que naquela época era, esse preço, uma das passagens mais caras no Brasil. E hoje, devido aos aumentos que houve, inclusive em outras capitais, a mais barata. E não é verdade, como afirmou aqui o Ver. Dilamar Machado, que o PT é eleitoreiro, que o PT é demagógico, porque o PT faz como o bom senso manda e como a coerência manda, e como manda inclusive a vergonha, que para cada caso específico haja uma solução específica. Aqui em Porto Alegre houve e vai ser mantida a intervenção, no mínimo até o dia 31 de maio, como reza o Ato. Em São Paulo, a Prefeita Luiza Erundina concedeu aumento de ônibus, antes da entrada em vigor do Plano Verão, sem problema nenhum. Concedeu aumento porque entendia que era justo que o concedesse. Então não entendo, Ver. Dilamar Machado, qual a demagogia. A demagogia foi aqui do PT, intervir, ou foi lá da Luiza Erundina aumentar, porque quando aumentou o Líder da Bancada do PDT veio aqui acusar que o PT tinha aumentado a passagem. Então, são dois pesos e duas medidas. Se nós aumentamos somos criticados porque não temos coerência. Se nós intervimos para manter o preço, também somos criticados porque somos demagógicos. E na realidade, o que o Executivo Municipal hoje faz é cumprir a promessa sagrada que foi feita nos palanques, é cumprir aquilo que foi dito ao povo de Porto Alegre, perguntem ao povo qual é a sua opinião sobre esta intervenção, a despeito do sacrifício, sem dúvida nenhuma, pelo qual ele está passando, pela dificuldade do transporte.

 

O Sr. João Dib: Nobre Vereador, V. Exª faz uma declaração de que outros Prefeitos intervieram no transporte coletivo. Bem, o Prefeito Alceu Collares não fez isso, mas eu, o Prefeito João Dib, fiz e contei, na oportunidade juntamente com a Câmara Municipal, e a intervenção foi feita com dois órgãos do Município intervindo no sistema, eu contei com a totalidade do sistema de transporte coletivo. V. Exª me parece que faz uma ilação de que hoje à meia noite não teria nada. Ao mesmo tempo, continuando o discurso de V. Exª discorda do Prefeito Olívio Dutra que disse que intervenção está marcada até 31 de maio, poderá ser prorrogada, mas também ter o seu término muito antes disso, depende do diálogo. E V. Exª está dizendo que no mínimo até 31 de junho. Quem tem razão?

 

O SR. GIOVANI GREGOL: Nobre Vereador, eu me baseio no caso do prazo no documento legal, que estabelece um prazo. Quanto à minha ilação, ela não é uma ilação, nobre Vereador, é uma afirmação taxativa, registrada na justiça, da ATP, da Associação dos Transportadores, se é do seu hábito prometer e não cumprir, o problema é deles. Nós prometemos e nós estamos cumprindo aqui o que prometemos durante a campanha. Se for possível, e não é encampação, como foi dito aqui, é intervenção, se possível for inclusive - isso manda o bom senso não é verdade? - acabar com essa intervenção antes, nós acabaremos. Se for preciso, se formos obrigados ela será estendida, agora sempre com a garantia da estabilidade do emprego, da melhoria das condições de trabalho, pagamento de horas-extras e assim por diante, que não estão sendo feitos hoje pela ATP, sempre com a garantia do emprego e da justiça salarial a esses funcionários, tanto durante como inclusive após a intervenção, e esse é um assunto que nós teremos que voltar a discutir aqui. E nós esperamos que a situação do transporte se regularize inclusive com toda a contribuição, com todo o apoio de todas as Bancadas de todos os colegas Vereadores aqui desta Casa. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Adroaldo Corrêa): Inscrito em tempo de Liderança, o Ver. Vieira da Cunha. Cinco minutos sem apartes.

 

O SR. VIEIRA DA CUNHA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, estampam hoje os jornais da Cidade a notícia de que a Assembléia Geral dos revendedores de combustíveis de Porto Alegre decidiu ingressar em juízo contra a lei aprovada por esta Casa que institui o IVVC – Imposto de Venda e Varejo de Combustíveis com a Emenda apresentada por este Vereador, enquanto Líder da Bancada do PDT, que proíbe o repasse do valor correspondente ao imposto ao preço final dos combustíveis em Porto Alegre. Decidiu também a assembléia-geral dos garagistas que por ora não farão o anunciado lockout, anunciado pela liderança dos garagistas do Estado, Sr. Rubens Hofmeister. Não poderia deixar de me manifestar até por que a assembléia-geral, essa mesma assembléia-geral honrou, entre aspas, este Vereador com o título honorífico de persona non grata dos garagistas de Porto Alegre. Quero dizer, em primeiro lugar, que a estratégia dos garagistas com relação a essa matéria está totalmente equivocada. Em primeiro lugar é indiscutível que a Lei com a Emenda deste Vereador é perfeitamente legal e constitucional. Portanto, em juízo nada ganharão os senhores garagistas. Apenas os custos processuais e honorários advocatícios. Dizer também aos senhores garagistas que, se é verdade a iminente falência do seu negócio, a inviabilização do negócio dos donos de postos em Porto Alegre com a proibição de repasse do preço ao imposto ao consumidor, outro caminho eles devem tomar e não a Justiça. Eles devem tomar o caminho da pressão política junto ao órgão que tem poder de restabelecer a sua margem de lucro que é o Conselho Nacional de Petróleo. O Conselho Nacional do Petróleo hoje é o que distribui entre os diversos órgãos que participam, desde a refinaria passando pela distribuição até o comércio varejista, é o órgão competente para restabelecer a margem de lucro dos senhores garagistas. Pode muito bem e tem poder para isso o CNP, para rever os grandes lucros das distribuidoras, na sua grande maioria multinacionais como Shell, Texaco, Atlantic, etc. Pode o CNP, se quiser e achar justo, tirar um pouco dessa grande fatia que hoje é dada aos grandes distribuidores, em favor dos garagistas. Agora, o que esta Casa não podia aceitar, como de fato não aceitou, pela sua imensa maioria – 31 votos – era onerar mais uma vez a população de Porto Alegre com mais um imposto, mesmo porque a população, não só de Porto Alegre, como de todo País, já paga hoje – eu repito o argumento exposto por ocasião da votação do Projeto e das Emendas – um imposto sobre combustíveis, que é previsto pela Constituição de 1967 ou de 1969, que é arrecadado ainda hoje pela União e que vai continuar sendo arrecadado até o dia 28 de fevereiro. Só desaparecerá a partir da entrada em vigor do novo sistema tributário nacional, que acontecerá no dia 1º de março. E eu pergunto aos meus colegas Vereadores: por acaso o CNP vai baixar o preço do álcool e da gasolina em Porto Alegre, em razão do desaparecimento do Imposto sobre Combustíveis arrecadado pela União? Certamente que não. Nós temos exemplos históricos nesse sentido. O próprio empréstimo compulsório de 30% não foi desembutido no preço dos combustíveis quando desapareceu. Quem dirá o Imposto sobre Combustíveis! O preço, portanto, permanecerá o mesmo. Só seria lícito a esta Casa permitir a transferência ao consumidor final do valor correspondente ao IVVC se por acaso o CNP reduzisse o preço dos combustíveis, em razão do desaparecimento do Imposto sobre Combustíveis atualmente cobrado pela União. E eu concluo dizendo que não me afeta o título honorífico de persona non grata, que me foi concedido pela assembléia-geral dos garagistas ontem à noite, simplesmente pela razão de que eu não vim a esta Casa e não me elegi para defender interesses de empresários ou de grupos privados quaisquer que sejam. Eu me elegi e estou nesta Casa para defender os direitos da maioria da população de Porto Alegre. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: A palavra com o Ver. Luiz Braz, por 5 minutos, sem apartes, em tempo de Liderança.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu vim aqui para restituir a verdade para esta Casa. O Ver. Gregol que estava aqui nesta tribuna afirmou que as promessas de palanque do PT estão sendo cumpridas, o que não é correto. As promessas que eu ouvi várias e várias vezes foram promessas de encampação, aliás se falava em estatização, o que não é um termo correto e o que estamos vendo aqui é uma intervenção realizada sem os cuidados prévios que esta Casa queria e que paralisou esta Cidade. Não é verdade a afirmativa do Prefeito Olívio Dutra de que 61% do transporte coletivo estava funcionando, porque a CARRIS tem 18% da frota, a SUDESTE está funcionando mal e mal com a sua frota, as empresas praticamente na sua totalidade paradas. Nós que transitamos pela Cidade, ontem, sentimos a Cidade praticamente parada. Então, como é que 61% da frota estava funcionando? Então, a intervenção – e o Ver. João Dib também já fez esse ato quando era Prefeito de Porto Alegre – não deu resultado, não deu certo, mas o ato presente agora do PT não é positivo para a Cidade, a Cidade parou e o Secretário Municipal dos Transportes, meu amigo Ver. Antonio Hohlfeldt declarava que ele tinha os meios necessários para a Cidade não parar, que ele poderia intervir para a Cidade não parar, mas a Cidade parou. Então, na verdade, até agora os resultado são negativos, os resultados não são positivos. Está estabelecida agora, Ver. Dilamar Machado, uma equação e nela o PT está procurando colocar os seus números e se chegarmos à premissa falsa de que a tarifa real não é que está sendo praticada, que a tarifa real é outra bem abaixo do que o que os empresários estão solicitando, eu acredito que aquele pedido do empresário e Presidente da ATP o nosso amigo Guerreiro de restituir a dignidade dos empresários cai por terra, porque o PT estará provando que os empresários estavam funcionando com uma tarifa bem acima daquela que poderia funcionar o transporte coletivo. Mas se a premissa não fora falsa, se a premissa fora verdadeira, se os números encontrados pelo PT forem os mesmos números que estão sendo solicitados, agora, pela Associação de passageiros, aí, a Cidade estará pagando um pesado ônus para uma experiência do PT e uma experiência em que o PT, inclusive, relegou a planos inferiores os técnicos desta Cidade. E, dizia, ontem, numa conversa cordial que tive com o ex-Prefeito Antônio Dib que os técnicos desta Cidade são pessoas bem preparadas, às vezes não estão nem dentro da SMT, mas poderiam ser requisitados para fazerem esse trabalho que os técnicos de São Paulo estão vindo fazer aqui. Mas que situação ruim que ficaram os técnicos de transporte desta Cidade! Eles foram julgados incompetentes pela Administração do PT. Ver. Vieira da Cunha, que sorte que teve esta Cidade, quando aqueles que lhe deram este título de “persona non grata” resolveram também não fazer uma paralisação. Se os postos tivessem paralisados os seus serviços esta noite, aí não precisaria nem o Prefeito Olívio Dutra ter declarado estado de calamidade pública, porque a Cidade já iria sentir em sua carne a calamidade pública, porque, com o transporte coletivo parado, porque não é verdadeira a afirmativa de que ontem funcionou 61% do transporte. Não é verdade! Não é correta essa afirmativa! Temos que partir e eu reafirmo que a Carris tem apenas 18% da frota e se tivessem parado os postos aí parariam também os automóveis. A Cidade estaria completamente parada. Esta Cidade, por incrível que pareça é paradoxal, mas esta Cidade deve realmente muito ao Hoffmeister que resolveu, na sua Assembléia, não paralisar completamente a Cidade. A Cidade poderia estar hoje numa situação realmente muito difícil. É uma pensa que a Prefeitura Municipal tenha esquecido que existe em Porto Alegre uma Câmara Municipal. E tenha esquecido que existia aqui nesta Câmara Municipal uma Comissão encarregada de tratar desse assunto dos transportes e que tinha a incumbência de tratar da Cidade e que queria que a Cidade não ficasse paralisada assim como está, que não queria que a Cidade estivesse a caminho do caos. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, em Comunicações, o Ver. Heriberto Back.

 

O SR. HERIBERTO BACK: Sr. Presidente, Srs Vereadores, acredito que a visita aqui amanhã do Prefeito Olívio Dutra, trará a oportunidade de um bom debate e de muitos esclarecimentos.

Realmente, paira uma grande dúvida, uma dúvida que esteve implantada na cabeça da Administração Popular quanto à forma de enfrentar esse problema. Manter o sigilo, intervir de forma repentina ou abrir um grande debate. Hoje nós sabemos, estamos pagando o preço de não abrir um grande debate, por um lado tem a queixa da Câmara de Vereadores, tem a queixa e a bronca da CUT, tem a queixa também... Não vou conceder apartes por enquanto.

 

O SR. PRESIDENTE: Vamos assegurar a palavra ao Ver. Heriberto Back.

 

O SR. HERIBERTO BACK: Havia realmente uma enorme dúvida e pagamos realmente um preço caro por isso, sim, porque se tivéssemos aberto, se essa fosse a avaliação nós teríamos o conjunto da categoria mais consciente dos rodoviários, rodando nas noites dentro dos chamados “boiadeiros”, trabalhando os motoristas para trabalhar, nós teríamos o conjunto do movimento comunitário nas portas das garagens dando cobertura, dando incentivo para que o transporte andasse e tenho segurança também de que teríamos muitos Vereadores também nos apoiando, além da Bancada do PT.

Então, realmente nós sentimos que estamos pagando um preço por adotar esse caminho.

Agora, por outro lado também não podemos desconhecer com quem nós estamos tratando. Embora possa dizer até que tenho um relacionamento pessoal cordial com todos os empresários do transporte coletivo, os conheço há muitos anos e a gente sabe que interesse eles defendem e sabe que estava sendo armada nesta Cidade uma guerra e um verdadeiro jogo de braço. Esta foi a preocupação da Câmara de Vereadores, estava armado o conflito, e a Câmara em muito bom momento buscou interferir para que esse conflito não se configurasse e que a população da Cidade não sofresse com ele. Acho que foi extremamente válida a interferência da Câmara de Vereadores, a abertura de debates, de rediscussão que possibilitou esta Comissão. Acredito até que tenha sido infeliz o Procurador pela forma com que terminou, dizendo; “aqui termina a função da Câmara”. Eu até recebi um choquezinho frio, também, porque era da Comissão. Mas, se formos examinar porque ele disse isso, veremos que ele propôs: “Estão aqui os empresários, está aqui a Prefeitura, sentem-se os empresários e a Prefeitura e busquem achar uma solução de emergência!” Essa foi a proposta. Então, terminaria a função da Câmara na medida em que se restabeleceu o diálogo. E, posteriormente, o que fez, junto com o advogado da empresa? Pegou o Presidente da ATP, o Prefeito, e o Vice-Prefeito, trancaram-se os quatro numa sala buscando encontrar o diálogo. Quer dizer, na realidade, se por um lado o Procurador Enno Castro usou essa expressão infeliz, ele fez uma proposta de diálogo. Acreditava que a Câmara, tendo promovido aquela reunião, tinha cumprido a sua função, e devia continuar o diálogo.

Em segundo lugar, esta Câmara viu aqui, que foi promovida pelo representante do PT nesta Comissão Externa, uma proposta clara de trégua à Prefeitura e aos Empresários, proposta que foi aceita pela Prefeitura, e que foi recusada pelos empresários, dizendo que não poderiam agüentar até março, porque seu estado de necessidade, e apelavam à nossa sensibilidade, e a minha em particular, pois eles não tinham mais condições de operar. Agora, eles se esqueciam que os trabalhadores do transporte rodoviário há anos estão em estado de necessidade e que os que pagam as tarifas há anos estão em estado de necessidade e são obrigados a pegar o transporte coletivo porque não tem outro, e à vista, porque se paga à vista a passagem, às vezes antecipada.

Então, houve uma recusa real dos transportadores ao diálogo. E para forçar o diálogo, por iniciativa do nosso Procurador, pediu-se que retirasse a sua ação da Justiça e conseqüentemente a Prefeitura retiraria a sua notificação, que é o que foi pedido pelo Ver. João Dib, na Comissão Externa, e sacramentado nessa mesma Comissão.

Então, não havia, realmente, outra alternativa senão enfrentar, inclusive por uma exigência desta Casa, pelo próprio Ver. Wilton Araújo, que abriu a Sessão dizendo; a Frente Popular está sendo muito tímida diante dos empresários. Foi uma reclamação, se exigia medidas enérgicas. E se existe um responsável pelo transporte estar parado na Cidade, é o lockout dos empresários. O que houve ontem? Lockout de todas as empresas, menos a Navegantes e menos as três empresas onde foi baixada a intervenção e, contraditoriamente, e eu estive hoje de manhã na garagem da Trevo, onde estavam os empresários dando garantias aos motoristas e cobradores para que não fossem trabalhar que eles tinham condições de bancar três meses de salário. De onde vem esse dinheiro? O Dr. Guerreiro disse, aqui, que estavam em estado de calamidade. Eu sei que é uma situação absolutamente complicada, que não é fácil. Até o Ver. João Dib me dizia: “cuidado, não se brinca com fogo”. Acho que realmente não deve-se brincar com fogo, por isso que a posição da Prefeitura foi, entendendo que existe um incêndio formado, enfrentar o incêndio. Realmente estamos numa situação difícil, principalmente com o lock out que foi feito ontem nas empresas e que se mantém. Mas a Prefeitura continuará intervindo nas outras empresas. E tinha que intervir nas três principais empresas.

Ora, nós tínhamos que intervir nas empresas que tinham melhor frota, prevendo o lockout das outras. Infelizmente nós não buscamos essa guerra, agora, nós não vamos poder fugir desta guerra, se não nós vamos ser cobrados de tímidos, de vacilantes e, olhem, se foi tomada a opção de intervir de surpresa, então, é de surpresa e não foi como esse tal Plano de Verão aí que discutiram com os empresários 3 meses, aumentaram todos os preços, tiraram a surpresa. Eu estou dizendo aqui que tenho as minhas dúvidas quanto à forma de fazer. A Administração também tinha dúvidas, agora, não existe dúvida: é preciso enfrentar, a fogueira está feita e nós vamos enfrentá-la. Vamos contar com os motoristas, a assembléia de ontem foi magnífica, oposição, situação, todas as correntes. Queremos a verdade tarifária, sim, Ver. Luiz Braz, e isso não significa que se abandone a idéia da tarifa política, mas nós temos que saber qual é, realmente, a tarifa. Os motoristas também querem saber, porque hoje os empresários dizem que 60% do que arrecadam gastam com os motoristas, a gente sabe que isso não é verdade. A população não sabe como é calculada essa tarifa. Por isso eu pedi uma trégua para um estudo simplificado que toda a população entenda, a partir da própria Câmara de Vereadores, essa trégua não nos foi concedida. Agora, nós não temos nenhuma ilusão de que isso seja uma brincadeira, nós temos absoluta consciência de que a fogueira está formada na Cidade e nós teremos que enfrentar e eu espero que amanhã, neste diálogo com o Prefeito Olívio Dutra aqui, mesmo de forma tardia, contraditória, com todos os problemas que gerou, esta Casa possa se incorporar nesse problema que é de toda a Cidade, não é da Frente Popular. Eu peço desculpas ao Ver. Airto Ferronato, inclusive ao Ver. Isaac Ainhorn por não ter concedido apartes, mas eu tinha que fazer essa pequena represália porque ele negou todos os apartes aqui a nossa Bancada e ainda acusou de não querer debater. Sou grato.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Mano José.

 

O Sr. Isaac Ainhorn: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Quero cumprimentar o gesto de cortesia e de democracia da Bancada do PDS, apenas para colocar a verdade acima de tudo. A Câmara de Vereadores, Ver. Mano José e Ver. Heriberto Back, não quis participar do ato de intervenção, porque não é de sua competência; apenas, por um gesto de respeito, sim, ao Legislativo, quando o ato foi decidido por quem de direito, que transmitisse ao Presidente da Câmara, Ver. Valdir Fraga, que o chamasse, pois entendemos que essa era a medida correta. Não caberia ao Presidente examinar o mérito, mas, de forma cortês, comunicar para que não fossem pegos os Poderes do Município de surpresa. O Presidente da Comissão Externa, Ver. Nelson Castan, que junto com as demais Lideranças da Casa se esforçou tanto, sequer foi notificado do ato de intervenção. Com isso, não feriam o sigilo das medidas, porque as televisões, os jornais foram chamados, porque gostam da coisa assim.

 

O SR. MANO JOSÉ: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Eu venho à tribuna para colocar à apreciação de todos e principalmente da Bancada do PT, com a qual estivemos conversando ainda hoje pela manhã, com a Srª Secretária da Saúde. Estivemos em uma audiência onde fomos recebidos pela Secretária, quando, junto com associados nos foi prometido por parte da Secretária que seria, ainda hoje pela manhã, efetuado um pagamento relativo aos atrasados da Associação dos Funcionários Municipais, da qual também faço parte. Infelizmente venho a esta tribuna para denunciar que recebemos uma informação que não condiz com a verdade. Sentimos muito chegar a esta posição, mas achamos que a Frente Popular está tomando atitudes e que solicita o nosso respaldo, o respaldo da população e, no entanto, vamos à Secretária da Saúde, temos uma audiência com a mesma e sua assessoria e recebemos informações que não condizem com o pagamento efetuado. Sabemos que a Prefeitura está enfrentando sérias dificuldades financeiras, mas isso não lhe dá a liberdade de nos dar esse tipo de informação. Temos a Associação dos Funcionários Municipais, o Hospital prestes a fechar as suas portas por falta de pagamento se seus funcionários, o seu quadro de médicos cada vez mais diminuído, os funcionários municipais sentindo na carne o péssimo e precário atendimento de saúde. Dentro do hospital temos que conviver com pacientes recebendo café preto e pão torrado, é demais! Os médicos recebendo uma nominata da medicação que não possui. Eu sempre vi receberem nos hospitais o que possuem de medicação nova, que está entrando em sua farmácia, agora, do que não possui, eu nunca tinha visto. E nós estamos enfrentando essa dificuldade, uma simples pneumonia, nós pedimos para a família buscar penicilina na rua. Não é possível, ou o hospital tem condições ou não tem. Ou a Associação tem condições de se manter ou não tem. Se não há interesse do PT em manter a Associação dos Funcionários Municipais, muito bem. Vamos ser claros e vamos lá, não vamos manter determinado negócio, não vamos continuar enrolando, fazendo com que os funcionários trabalhem de má vontade, com que os sócios sejam mal atendidos, que os profissionais médicos se sintam também obrigados a atender. Porque na realidade nós estamos prestando serviços de assistência médica, por amor à profissão. Não é possível um médico que trabalha na Associação dos Funcionários Municipais não receber desde setembro!

 

O Sr. João Dib: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu quero me solidarizar com o pronunciamento de V. Exª, ao mesmo tempo também devo dizer que não cabe à Administração atual as falhas do passado. Eu até muito satisfeito pude provar que havia deixado a Prefeitura tão bem que não devia para a AFM, não devia para o Montepio e deixei dinheiro para pagar uma dívida de cortiço no prazo. Hoje eu estou muito feliz com isso. Mas eu também quero meu solidarizar fazendo o apelo com a Bancada do PT para que ajude a Associação dos Funcionários Municipais a resolver esse sério problema, e tenho certeza que a Bancada do PT se solidariza com V. Exª, porque são servidores municipais que estão em jogo e que não tem nem uma outra maneira de buscar assistência médica, com urgência muitas vezes, a não ser através do Hospital Porto Alegre.

 

O Sr. Adroaldo Corrêa: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Apenas para dizer e perguntar também que a preocupação manifesta pelo Vereador que ocupa a tribuna neste momento, foi também motivo da nossa preocupação já no pronunciamento a 15 ou 20 dias. Pronunciamento que revelava inclusive que os 630 milhões, agora mil cruzado novos, foram acumulados desde maio do ano passado e que não me ocorre, ou pelo menos eu não tenho na lembrança, a partir do primeiro dia da Legislatura atual e da Legislatura anterior, não tenho o acompanhamento, mas não me ocorre e eu faço essa pergunta que a veemência da cobrança por um dia, se a Secretária que prometeu a antecipação de algum numerário para hoje respondeu que esse numerário não ingressará nos cofres da AFM a qualquer tempo, ou apenas hoje não foi possível, não me ocorre que tenha sido feita a cobrança pela sua Bancada, não por V. Exª, que não se encontrava como eu na Legislatura anterior, com essa veemência em relação aos atrasos anteriores. V. Exª tem lembrança disso?

 

O SR. MANO JOSÉ: Não. Não tenho. Concordo com o nobre Vereador, uma porque não estava fazendo parte desta Casa, e outra que o hospital vinha enfrentando dificuldades. Quero só lembrá-los que nós tivemos uma promessa da Frente Popular, que não deixaria de cumprir com seus compromissos, e, no entanto, já temos o mês de janeiro sem receber, já estamos no mês de fevereiro, que deveria ter sido pago até 5 de fevereiro e, no entanto, nós continuamos aguardando por uma solução, quer seja do PT, quer seja de quem fosse. E a realidade que nós temos hoje é que o hospital, devendo em torno de 700 mil cruzados novos, recebe hoje pela manhã, 54.

 

O Sr. Vieira da Cunha: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Reputo da maior gravidade os fatos trazidos por V. Exª. deste tribuna. E faço um apelo aos Vereadores integrantes da Comissão de Saúde e Meio Ambiente desta Casa para que mesmo no período de recesso promovam uma reunião e tomem medidas efetivas, porque, Vereador, nós temos exemplos tristes, inclusive um deles muito recente de funcionário municipal, que segundo as informações que nos chegaram, não recebeu tratamento adequado no Hospital Porto Alegre, por falhas estruturais mesmo do Hospital, falta de material, etc. Quando se fala em hospital está-se falando em vidas humanas. Esse fato, eu repito, Ver. Mano José, é de tamanha gravidade e faço apelo – não sei se V. Exª faz parte da Comissão de Saúde – faço um apelo a V. Exª. para que reúna extraordinariamente os integrantes dessa Comissão e que este Legislativo possa, através dessa Comissão, tomar medidas efetivas para que esse Hospital, se efetivamente não têm condições, não pode mais funcionar. Sou grato a V. Exª.

 

O SR. MANO JOSÉ: Nobre Vereador, só lhe dando uma explicação a respeito do que nós achamos ao que V. Exª se referiu, é que eu acredito que nenhum hospital, nenhum corpo médico pode funcionar, vamos dizer, de maneira decente, a partir do momento que nós temos profissionais que trabalham dias dias, sabem que o corpo clínico está atrasado, está defasado em seu pagamento e não tem condições de continuar trabalhando. Isso acho que são trabalhadores, são profissionais que têm que ser respeitados e, realmente – V. Exª nos diz que são falta de condições – há falta de condições muitas vezes, porque a partir do momento em que não se conseguem médicos habilitados a trabalhar, temos que decair o nível, começando a contratar recém-formados em Medicina, sem sequer um curso que possa complementar o seu dia-a-dia dentro da profissão. E temos que arcar com esse ônus, porque não temos condições de manter os profissionais habilitados que lá trabalham.

 

O Sr. Vieira da Cunha: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Acho que o assunto é muito grave. V. Exª está fazendo seu pronunciamento sob a ótica dos profissionais, dos médicos que trabalham no Hospital, acho muito justo, mas faço um apelo a V. Exª para que também analise a situação sob o ponto de vista dos funcionários do Município, que têm, ali, talvez a única alternativa para curar as suas doenças, muitas delas gravíssimas. Por isso é que apelo a V. Exª para que, como integrante da Comissão de Saúde e Meio Ambiente, reúna extraordinariamente essa Comissão para debater o assunto e tomar medidas efetivas.

 

O SR. MANO JOSÉ: Quero esclarecer a V. Exª que um Hospital não funciona sem pacientes e a nossa preocupação é sempre voltada aos pacientes, aos municipários, porque eles é que estão sofrendo. Os profissionais saem dali e conseguem vaga para trabalhar em qualquer outro hospital, por uma remuneração muito melhor e pagamentos em dia. Muito obrigado.

(Revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Valdir Fraga): Com a palavra, o Ver. Nelson Castan.

 

O SR. NELSON CASTAN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, hoje à tarde, teremos uma nova reunião da Comissão Externa que está acompanhando a conjuntura que vive o transporte coletivo de Porto Alegre, o que significa que esta Casa continua no seu esforço de mediação, no seu esforço em procurar saídas para esse problema tão grave que está atrapalhando o quotidiano da nossa Cidade, apesar de, naquele nosso primeiro esforço, não teremos sido compreendidos pela Administração Municipal que encaminhou à sua maneira a resolução do problema. Eu entendo, como Presidente da Comissão Externa, que essa Comissão, que essa Casa não foi considerada como julgamos ser merecedores da confiança; e também pelo fato de se tratar do Poder Legislativo da Cidade de Porto Alegre. Pelo que soube, o Prefeito Olívio Dutra comparecerá aqui amanhã e, quem sabe, será a oportunidade para entendermos e superarmos essas dificuldades. Então, como estava dizendo, hoje à tarde teremos uma nova reunião e espero que rodos os convidados compareçam, pois foram convidados os mesmos da vez passada: o Secretário Antonio Hohlfeldt, o Procurador-Geral do Município Dr. Eno, o Presidente da Carris, Dr. Muzzel, o Presidente da ATP, Dr. Guerreiro, o advogado da ATP, Dr. Werner Becker, e também a representação das três entidades dos rodoviários, que são o Sindicato, a Federação e a Associação. Todas essas entidades, através de seus presidentes estão cientes dessa reunião e esperamos que todos se façam presentes.

Eu gostaria de comentar, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, que agora a Administração Municipal, o PT, a Frente Popular, está frente a uma nova situação, decorrente da intervenção nos transportes coletivos. O Sr. Olívio Dutra, na qualidade de gestor, em última instância, da intervenção, está agora também na condição de patrão dos rodoviários. Esta é uma decorrência da situação legal em que a Prefeitura se coloca, uma vez que ela tenha-se postado na condição de interventora e gestora do patrimônio e da administração dessas empresas.

Nós sabemos que o movimento rodoviário tem reivindicações que não são de agora, são de mais tempo e que já vinham pleiteando uma reposição salarial. O seu nível de salário está num dos pontos mais baixos registrados – pelo menos que eu tenho memória – nos últimos três anos. Essa reivindicação já vinha sendo colocada desde antes. Agora está sendo novamente, só que dentro desse novo contexto em que, nas negociações, tem uma figura nova que não havia até então, que é a Prefeitura Municipal como patrão e, portanto, como alguém que recebe reivindicações dos trabalhadores. Fui informado de que ocorreu, ontem, uma Assembléia-Geral do Rodoviários no Auditório Araújo Viana; sabemos do apoio que os rodoviários estão dando para a manutenção dos serviços de transporte coletivo de Porto Alegre. Acho que essa é a posição correta, os rodoviários têm uma relação funcional com o seu patrão e é desse que eles devem reivindicar, mas nunca adotando a greve como instrumento, de maneira que possam ser confundidos com os interesses patronais. Então, essa posição está muito certa.

Com os companheiros rodoviários que conversei e que estiveram presentes, ontem, na Assembléia-Geral, havia uma expectativa muito grande de que o Prefeito Municipal iria anunciar a reposição salarial, iria atender – eu não sei se no todo ou em parte – essa reposição salarial. E o que ocorreu foi uma reunião política de apoio à manutenção dos serviços de transportes de Porto Alegre; porém, muitos dos que lá compareceram saíram, de certa forma, decepcionados, porque a este problema, que é urgente, que exige uma solução urgente, não foi dado horizonte para que se resolva quando é que os rodoviários vão ter a sua reposição salarial.

 

O Sr. Adroaldo Corrêa: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Apenas para lembrar que foi na gestão de V. Exª. na Companhia Carris que ficou escrito nos ônibus da Companhia e no povo de Porto Alegre que a Companhia é propriedade do povo de Porto Alegre. Os trabalhadores das empresas sob intervenção e da Carris são empregados do povo de Porto Alegre, administrado pela Frente Popular.

Outra questão que eu gostaria de colocar para ser rápido e não gastar o seu tempo é que foi dado um norte para a negociação com o sindicato e não apenas com a assembléia, que foi considerada por V. Exª como uma assembléia política, mas por uma assembléia convocada pelo Sindicato dos Trabalhadores. Todo o ato reivindicado pelos trabalhadores, além de reivindicar posição econômica, também é um ato político. Há perspectiva da negociação salarial, sim, em março, foi dado esse horizonte.

 

O SR. NELSON CASTAN: É, acredito que os rodoviários não se satisfaçam com esse encaminhamento, porque a sua reivindicação não é de hoje, é de há muito tempo e, agora, um partido que se diz comprometido com os trabalhadores tem que dar respostas objetivas a essa questão. Essa é uma reivindicação da categoria. Tenho aqui os volantes que foram largados, tanto pela Associação Profissional como pelo Movimento Alerta Rodoviários, exigindo a reposição salarial. Então não vejo, não compreendo, de parte da Administração Popular quaisquer tipos de manobras protelatórias no atendimento dessas reivindicações. Está certo que os patrões não atendam, patrão é sempre assim, nós os conhecemos. Agora, a Administração Popular investida na função de patrão nós esperamos que tenha um comportamento diferente. E eu sou testemunha, conversei com muitos rodoviários e muitos saíram daquela assembléia-geral frustados, porque esperavam alguma coisa de mais concreto. Então registramos aqui esse fato, achamos que é um problema a mais que a Administração Popular terá de responder. Nós vamos cobrar isso, aqui desta tribuna, e tomara se tenha um encaminhamento para essa questão de maneira objetiva, clara, com prazo e percentuais dados aos trabalhadores rodoviários, não se prosseguindo nessa tergiversação, nessa maneira de indefinir-se a questão.

Um outro aspecto é que nós achamos que a Prefeitura Municipal, no que diz respeito aos transportes, tem que exercer o poder que lhe foi depositado nas mãos pela população de Porto Alegre. O que quero dizer com isso é que a Prefeitura Municipal tem que calcular a tarifa do transporte coletivo de Porto Alegre. Porque já estou passando a suspeitar que esse cálculo está pronto e é mais baixo, é inferior à tarifa de 12 centavos hoje praticada. Imaginem os senhores se isso for verdade! A Prefeitura do PT estaria acobertando uma supertarifação. Então, acho que é responsabilidade de quem está no Poder divulgar esse número, seja qual ele for.

A população de Porto Alegre espera por isso, isso é uma responsabilidade de quem está no Poder. E nós queremos que seja uma tarifa justa. Agora, o que não se pode aceitar é que aqueles que têm a responsabilidade do poder se eximam de exercê-lo. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Liderança com o PT, Ver. João Motta.

 

O SR. JOÃO MOTTA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, certamente as palavras mais utilizadas pelo conjunto dos Vereadores nesta Reunião têm sido duas: o diálogo e o debate. E durante toda esta Reunião permeou, através das intervenções, definições e conteúdos que nos parecem um tanto contraditórios com as posições políticas assumidas por bancadas que ora estiveram no Governo e que ora não estão, por Vereadores que se dizem oposição e, portanto, comprometidos com a maioria da população, mas que não têm uma postura clara no sentido de serem críticos da postura assumida pelos empresários privados do setor dos transportes coletivos de Porto Alegre.

Parecer-nos que discutirmos e falarmos em diálogo e debate, discutindo hoje, concretamente, a situação da intervenção em Porto Alegre, sem reconhecermos, de uma forma honesta e transparente, que grande parte, e por que não dizer, maioria, dos problemas que ocorrem hoje, nessa situação dos transportes coletivos de Porto Alegre, se devem à situação encontrada, hoje, na SMT, órgão encarregado de fiscalizar as empresas de transporte coletivo. E que, quando, a Administração Popular assumiu, encontrou uma SMT despreparada para fazer, inclusive, o que agora queremos fazer, que é ter, de fato, uma análise da metodologia do cálculo tarifário, de uma forma independente, ou seja, não dependente da análise, da metodologia do cálculo tarifário dos grandes empresários dos transportes em Porto Alegre. Foi por isso que nós trouxemos cinco funcionários da SMT de São Paulo, se for o caso vamos trazer mais. É porque somente os técnicos da SMT de Porto Alegre, sem o auxílio e a experiência desses companheiros de São Paulo, encontrariam mais dificuldades para viabilizar esse cálculo. E nós precisamos ganhar tempo. Nós encontramos a dificuldade de sequer ter tabelas atualizadas com horários das linhas de ônibus. Portanto, o cumprimento dos horários dependia da boa vontade dos empresários.

A administração anterior conseguiu praticamente desativar o serviço de fiscalização dos transportes, fazendo com que se criasse favorecimento aos empresários e desmoralização dos próprios funcionários que eram responsáveis pelo serviço de fiscalização. Portanto, os desrespeitos que são freqüentes hoje aos horários e que refletem um atendimento mal feito à população, se devem a essa situação encontrada.

Nos últimos anos, e é isso que fez que o ex-Prefeito assumisse com preocupação, via imprensa, a defesa do diálogo, nos últimos anos, os aumentos das passagens foram feitos e estabelecidos com base em dados fornecidos pelas próprias empresas e não pela Administração. Por isso que a Administração anterior depende tanto do diálogo, e por isso que alguns Vereadores dependem tanto do diálogo para fazer esse debate sobre os transportes aqui nesta Reunião.

Segundo dado que precisa ficar claro é que o objetivo imediato da Administração, ao intervir nas empresas, foi evitar o lockout, porque as pressões que culminariam com o anúncio da paralisação de todas as empresas privadas neste dia 16 já estava formalizado. Se não colocarmos esses dados, nós poderemos criar um raciocínio que só pode levar à lógica com que trabalhou aqui o Ver. Dilamar Machado, de que essa iniciativa foi tomada a mamu militari. Não é isso. Parece-nos que é visível que o que está ocorrendo hoje é uma forma diferente de administrar esse serviço público. Em segundo lugar, para a Administração Popular, portanto, se usássemos e continuássemos usando os dados fixados e determinados pelas empresas, nós estaríamos continuando com a mesma lógica que era a de estabelecermos um verdadeiro diálogo com surdos, onde a Administração ficaria refém dos interesses das grandes empresas privadas que trabalham no transporte coletivo. Para concluir, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, com relação ao famoso mamu militari, nós entendemos que, diante de um empresariado conservador como é este de Porto Alegre, nós acenarmos com a possibilidade mais democrática, entre aspas, era não viabilizarmos uma saída que garantisse, acima de tudo, os interesses da população. Seria não só transformarmos o serviço público em refém, em objeto dos interesses das empresas privadas, mas também transformarmos a própria Administração Popular em objeto dos interesses das grandes empresas. Portanto, a intervenção vem colocar todo esse conflito num nível minimamente equilibrado para ambos os lados e fundamentalmente para que o desfecho seja favorável à maioria da população e à defesa de um novo conceito sobre transporte coletivo em Porto Alegre. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Convidamos os Srs. Vereadores a participarem dos trabalhos desenvolvidos pela Comissão Externa, sob a Presidência do Ver. Nelson Castan, hoje, às 14h30min, a qual analisará, em conjunto com as entidades, o assunto dos transportes coletivos.

Nada mais havendo a tratar, declaro encerrados os trabalhos.

 

(Levanta-se a Reunião às 13h05min.)

 

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